Adolescentes se arriscam a DST ou gravidez, apesar do acesso a informações e métodos contraceptivos

Em 2023, cerca de 39,9 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o mundo, incluindo 1,4 milhão de crianças menores de 15 anos de idade, conforme o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS)

Ester Freire 

*Publicado em dezembro de 2022 e atualizado em junho de 2025

Apesar de informações, jovens se arriscam sem proteção em relações sexuais. Foto: Ester Freire 

A vida sexual do brasileiro tem começado cada vez mais cedo. Estima-se que a média do início é 12,7 anos para os homens e 13,8 anos para as mulheres, segundo a pesquisa realizada em 2020 pelo Observatório Nacional da Família. O uso de preservativo é uma das maneiras de evitar possíveis doenças, além da gravidez indesejada. A exemplo de Débora Hévelin Silva, moradora de Muritiba, que começou a ser sexualmente ativa aos 14 anos e contraiu DST. 

Ela fez parte das estatísticas de adolescentes que não se protegem durante o sexo. “Não gostávamos muito do preservativo porque incomoda um pouco depois da relação”, afirmou a nutricionista, hoje com 28 anos.

A nutricionista Débora Hévelin Silva contou que ela e o parceiro não gostavam de camisinha quando era adolescente. Foto: Rebeca Freire 

No entanto, esse comportamento causa consequências na saúde. A BBC News Brasil divulgou no dia 16 de novembro de 2019 dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que apontam que todos os dias são contabilizados mais de 1 milhão de casos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) curáveis entre pessoas de 15 a 49 anos. Veja mais : Infecções sexualmente transmissíveis estão em alta no Brasil; saiba quais são e como se proteger – BBC News Brasil

Mulheres e meninas compõem mais da metade dos 37,7 milhões de pessoas que vivem com HIV. O Brasil lidera a lista de países da América Latina e Caribe com 330 mil casos, conforme o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). Além dos mais de 158 mil casos de sífilis e as quase 633 mil ocorrências dessas infecções registradas de 2008 a 2018.

Em 2023, cerca de 39,9 milhões (36,1 milhões a 44,6 milhões) de pessoas viviam com HIV em todo o mundo, incluindo 1,4 milhão (1,1 milhão a 1,7 milhão) de crianças menores de 15 anos de idade. Ainda nesse ano, cerca de 1,3 milhão (1 milhão a 1,7 milhão) de pessoas representaram novas infecções por HIV e 630 mil (500 mil a 820 mil) morreram de doenças relacionadas à aids, de acordo com o boletim epidemiológico da Unaids de dezembro de 2024.

Salvador lidera lista de adolescentes grávidas

E a queda de 13,5% entre os anos de 2009 e 2019 no uso da camisinha é um dos principais indicadores desses números alarmantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Salvador é a capital número um no ranking de meninas entre 13 e 15 anos que até o 9° ano do ensino fundamental II já haviam engravidado. De 2015 para 2019 o índice teve um aumento de 11,1%. 

A estudante Ludmila Santana, residente de Muritiba, hoje com 18 anos, engravidou aos 16 e contou que não esperava. Já que sempre se prevenia e tomava injeções de anticoncepcionais. Embora não tenha procurado orientações médicas para saber qual o medicamento adequado para o seu tipo de corpo.

Distribuição de preservativos

O fechamento da pola neural, responsável pela maturidade, só acontece após os 25 anos quando ocorre a passagem da adolescência para a fase adulta. Por isso, iniciar precocemente um envolvimento íntimo pode causar alterações físicas, emocionais e psicológicas. 

Porém, a individualidade não permite que isso seja uma regra geral. Porque além de cada corpo reagir de forma diferente, a orientação sexual feita pelos pais desde a tenra infância influencia no comportamento. É o que explica a psicóloga Sâmia Letícia (CPR 03/12066).

A psicóloga Sâmia Letícia alerta iniciar precocemente um envolvimento íntimo pode causar alterações físicas, emocionais e psicológicas. Foto: Arquivo Pessoal

Os postos de saúde de Muritiba, cidade a 139,3 quilômetros de Salvador, são abastecidos frequentemente com preservativos femininos e masculinos. Eles ficam em locais visíveis como a sala de triagem, do médico, da enfermeira e recepção. Cada indivíduo pode pegar a quantidade que desejar de acordo com a necessidade. Os anticoncepcionais também são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e para a primeira entrega é necessário uma consulta com a ginecologista.

Instagram: @reversoonline