Anemia Falciforme: Quanto mais cedo for descoberta, melhor pode ser controlada

 Ivisson Costa

De acordo com o CREFONO 4, Conselho Regional de Fonoaudióloga 4° Região, a cada 650 crianças nascidas na Bahia, uma tem a anemia falciforme, o que representa 65 crianças por ano. O estado tem o maior número de casos de pessoas com a patologia no país.

A doença falciforme se manifesta de forma diferente em cada pessoa. Começando a se demonstrar na segunda metade do primeiro ano de vida de uma criança. De acordo com Rosa Cândida Cordeiro, professora de enfermagem pela UFRB, o diagnóstico numa criança recém-nascida é realizado através do teste do pezinho indicado até o 7° dia de vida. “Nas crianças maiores e em adultos o diagnóstico é realizado através do exame de Eletroforese de Hemoglobina, um exame laboratorial feito para verificar os diferentes tipos de hemoglobina no sangue”, salienta.

Depois que é feito o diagnóstico, o paciente poderá precisar de um acompanhamento multiprofissional por toda vida, e em situações de crise podem precisar de transfusões de sangue. É o que indica Letícia Sampaio, enfermeira e coordenadora do núcleo de educação permanente da secretaria municipal de saúde de Cruz das Almas. “A alimentação saudável, cuidados periódicos com a saúde, exames de rotina e acompanhamento com grupos de referência são importantes”, conclui.

 Anemia no Recôncavo

Para amenizar esta situação, o Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biologias (CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) iniciou uma parceria com a Secretaria de Saúde da Bahia (SESAB). A meta foi capacitar 137 agentes de saúde através de um esclarecimento na identificação de pessoas com anemia falciforme, especificamente no município de Cruz das Almas, cadastrando assim, famílias e implantando um melhor atendimento. Equipes com profissionais multidisciplinares (médico, psicólogo, enfermeiro, farmacêutico, nutricionista e fisioterapeuta) foi o público-alvo.

Anemia e a “população negra”

A anemia falciforme não está limitada às pessoas classificadas como negras no Brasil, mas encontra-se com maior freqüência neste grupo. Segundo Luzia Poliana Anjos da Silva, doutora em medicina pela UFBA, ao longo dos últimos dez anos vem surgindo no Brasil um renovado interesse pela anemia falciforme, que coincide com mudanças radicais no posicionamento do Estado brasileiro perante a “questão racial”. Luzia cita a fala do doutor Peter Fry dizendo que “uma das principais conquistas da sociedade brasileira no campo da anemia falciforme foi à elaboração, em 1996, do Programa Anemia Falciforme (PAF)”. Ela afirma que, a redução das desigualdades sociais é um dos objetivos do Pacto pela Saúde, que visa fortalecer o SUS considerando como causas determinantes e condicionantes de saúde: modos de vida, trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais, entre outros.

A anemia falciforme pode ser detectada pelo teste do pezinho quando a criança nasce
A anemia falciforme pode ser detectada pelo teste do pezinho quando a criança nasce

 

Rosa Cândida diz que no Brasil ainda existe um racismo institucional, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), quando o acesso é negado ou dificultado e os profissionais negligenciam o tratamento adequado.

 

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