Rafael Bacelar
Cachoeira – A forte cultura do Recôncavo baiano atrai centenas de turistas todos os anos. Muitos vindos de outros países, principalmente da Europa e da América do Sul. É o caso do mochileiro chileno Tayo, que rumo ao Vale do Capão com um grupo de amigos, acabou parando em Cachoeira por causa da Feira Literária Internacional, a FLICA.
Na mesma ocasião, o grupo foi assaltado e, segundo Tayo, ainda assim decidiram ficar aqui por mais tempo. “Mas não são todos que se comportam dessa maneira. Algumas pessoas se assustam”, completa.

Com o programa de intercâmbios, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) também traz estudantes de fora para Cachoeira, como a aluna do curso de Gestão Pública, Isabel Pasternack (foto), 23 anos, que veio de Bayeurth, na Alemanha, para passar um semestre estudando no Brasil.
“Eu poderia ter escolhido outras cidades, mas eu queria conhecer o Brasil de verdade”, diz, tímida. Para ela, a maior diferença entre a Bahia e sua terra natal está nas relações entre as pessoas. “Dizem que nos lugares mais quentes as pessoas são mais próximas”, conclui.
Mas quando questionada a respeito dos pontos negativos da cidade, ela responde prontamente: “Desde que eu cheguei as pessoas me dizem para tomar cuidado pois, por ser loira dos olhos azuis, eu acabo chamando mais atenção dos ladrões.”

A portenha Cristina Solimanos (foto), 70, vive em Cachoeira por cerca de trinta anos e, além de artista plástica, é dona da pousada La Barca. Segundo ela, o aumento da violência é a principal causa da redução no número de turistas que ela recebe em seu estabelecimento. Há trinta anos, quando ela ainda desenhava o rosto das pessoas nas ruas e restaurantes e a cidade não era tão violenta, havia muito mais turistas, e foi por isso que teve a ideia de abrir o negócio. “Hoje a pousada funciona com os ecos da universidade”, conclui, referindo-se à Universidade UFRB, que com seus inúmeros eventos e palestras acaba ajudando a movimentar o turismo local.
Dados do Comando da Polícia Militar de Cachoeira indicam que Cristina pode estar certa. No ano de 2013, 112 furtos e roubos aconteceram na cidade. Em grande parte dos casos, as vítimas eram estudantes ou estrangeiros.