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Dramaturgias em Trânsito: Arte Pesquisa, Pesquisa Arte

Publicado: Quinta, 24 Outubro 2019 22:14

14 e 15/11

O Projeto pretende abranger temas dos encontros interdisciplinares em artes cênicas contemporâneas. Esse encontro estará focado na análise de novas ou de alternativas formas artísticas, especialmente essas que são desenvolvidas nos processos criativos interdisciplinares entre artes e pesquisa.
Os organizadores do evento querem convidar os artistas pesquisadores para abrir diálogo sobre estratégias de construção das suas próprias linguagens criativas entendidas como processo de pesquisa constante.

Queremos falar sobre a variedade dos encontros interdisciplinares e analisar os problemas de tradução e permanência entre as formas. Trazendo, como exemplo, o teatro, podemos apontar, especialmente, a questão da desconstrução do primado do texto no teatro contemporâneo e a valorização da presença interdisciplinar do corpo dançante, ritmo e musicalidade, instalação e ação performática, palhaçaria, intervenção urbana e outras linguagens na matéria cênica.

No caso da dança, podemos apontar a questão de tensão entre convenções da estrutura coreográfica e a liberdade da improvisação. A dança contemporânea procura novos caminhos para se liberar das formas e convenções estáveis e para encontrar novas formas de expressão.

Problemas similares aparecem praticamente em todo tipo de arte. Apareçam as perguntas sobre as possibilidades de diálogo entre as linguagens artísticas, relação entre suas formas, convenções e liberdades. Existe sempre um momento de experimentação entre as formas. “Más não todo experimento é pesquisa” como fala Marco De Marinis em Pesquisa, Experimentação e Criação em Teatro no Século XX (2014). Queremos falar sobre ponto especifico, no qual o artista começa estabelecer seus próprios códigos e estratégias de tradução de si mesmo. Como quer George Steiner em Gramáticas de criação (1990) cada grande obra de arte é processo da tradução constante. Podemos arriscar e chamar esse momento de endurecimento como início de sua própria pesquisa. Permanências e traduções que estabelecem vivencia do artista dentro de sua própria obra. Queremos falar de dentro de obra, não sobre obra.

Como meu corpo na cena pode virar minha escrita? Como posso escrever minha dança? "Qual é imagem da sua voz? Como você pode virar peixe e esse peixe virar árvore? Mas não parecer arvore, ser arvore de verdade." pergunta Cristina Colla, atriz de teatro Lume em livro Caminhante, não tem caminho, só rastros (2013). A fala de Cristina expressa as dúvidas que surgem da longa experiência cênica dos artistas que buscam seus próprios caminhos nos processos criativos. Suas pesquisas em arte são físicas, materiais e não apenas conceituais. Muitos autores como Cecilia Almeida Salles Gesto inacabado (1990) apontam questão de arte como artesanato criado no processo de inúmeras correções, erros e novas versões.

Para aprofundar mais questão de interdisciplinaridade, precisamos sair da proposta stricte teórica e conceitual. Precisamos falar sobre a prática diária de artista como pesquisa. Queremos propor algumas estratégias para se aprofundar na matéria diária da pesquisa em arte. Falar sobre arte no nível das ferramentas, formas e aspectos práticos do artesanato. Uma das possibilidades é trazer para nossa discussão palavra dramaturgia, más discolada de linguagem stricte teatral. Dramaturgias estão lá expandidas nas outras linguagens, criando suas próprias histórias e métodos de comunicação. Existe dramaturgia da voz, do dançarino gritando pelo seu próprio corpo, como existem as dramaturgias das ruas pelas quais percorrem os próprios artistas. A palavra dramaturgia se expressa nesse sentido pelo jogo das oposições e tenções que criam a própria história da obra falada raramente pela lógica racional do texto.

A idéia de multi-dramaturgias não exclui a estruturação do trabalho do artista cênico, mas propõe uma estratégias de nos levar para o mundo interdisciplinar em artes. O texto e a convenção coreográfica sempre precisa dominar minha expressividade? Qual é importância de meu próprio caminho para o ato criativo. Eu posso, citando de novo Cristina Colla, “dançar meu teatro”? E o que significa isso? Trazer a dança pessoal na cena e desenvolver essa dança na minha própria linguagem cênica. Muitos artistas pesquisadores, como George Steiner em Gramáticas de criação (1990) ou Cecilia Almeida Salles em Gesto inacabado (1990), aproximam o processo artístico mais da criação de artesanato do que do gesto conceitual. A necessidade de repetição, erro e variedade das versões, em processo de mudança freqüente, trazem perguntas sobre aproximação do significado das palavras artesanato e pesquisa como estratégias de desenvolver a obra.

Dramaturgias em trânsito - Arte Pesquisa, Pesquisa Arte.
Curadoria: Maciej Rozalski e Rubens da Cunha
Onde: Museu do Recolhimento dos Humildes e Teatro Dona Canô, Santo Amaro, Bahia
Quando: 14-15 de novembro 2019

Programação

14 de novembro

Museu de Recolhimento dos Humildes
9h – 12h - Mesa aberta: "Dramaturgias em transito" - arte pesquisas, pesquisa arte.
14h – 16h - Mostras teórico/práticas dos projetos em processo de pesquisa.

Teatro Dona Canô
17h – 19h - Apresentações performáticas.
- “A profetiza” – Leticia Rachid, Direção Maciej Rozalski
- “Erradicação” – Direção e atuação Maciej Rozalski
19h - 21h – Roda de improvisação corpo/musical, intervenção musical Pedro Amorim, Victor Valentim CECULT UFRB

15 de novembro
9h – 12h - Vivência de improvisação “Corpo em fluxos da água”, na cachoeira de Pedras.

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