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Abertura MOSTRA[2055]UFRB

Publicado: Quarta, 09 Dezembro 2020 20:19

Puyr Tembé, liderança indígena, abre a MOSTRA[2055]UFRB no dia de Iansã, a Orixá dos fenômenos climáticos, mulher guerreira, ela é a força dos ventos e das tempestades, o poder da natureza que nos questiona: “E agora?”

As imagens que seguirão trazem muitas angústias, dores, sofrimentos, destruição, devastação, abandono, alguns sonhos, desigualdades, dúvidas de nossa própria humanidade... Em busca de um lugar de proteção, uma direção: os povos das florestas.

Seria mesmo uma direção, ou uma intuição, ou talvez a voz interior que deixamos de escutar quando decidimos que não éramos mais indígenas, que não pertencíamos à terra, mas a terra que nos pertencia, quando esquecemos que éramos mais uma espécie, entre tantas, mais uma pessoa, e não as únicas pessoas, abandonamos os rios, destruímos as florestas, exterminamos animais, esgotamos a terra e o próprio ar que respiramos, ao ponto de comprometer a nossa própria existência.

Em que momento decidimos que a igualdade é determinada pelo que você pode consumir e a partir daí não podemos aceitar outras maneiras de estar no mundo? Há quanto tempo não reconhecemos o outro, a própria vida e nós mesmos? Ainda há tempo de mudar?

As mudanças climáticas já fazem parte do nosso presente, talvez não haja mais tempo para muitas coisas, mas não podemos esquecer que qualquer coisa, coisas grandes e pequenas, que possamos fazer nessa outra direção, pode salvar vidas, gerações futuras, espécies inteiras, diminuir as dores de pessoas que já estão sofrendo, pessoas que abandonamos, florestas que queimamos, oceanos que adoecemos, rios que esquecemos...

Enquanto a cura não chega perdemos pessoas que amamos... talvez depois da pandemia desejaremos apenas sair sem máscara, respirar, talvez nos abraçar, até a próxima onda, até o próximo vírus... Que as imagens, as visões de futuro, que se seguirão façam ecoar essas outras vozes, que há tempos não escutamos, e tragam outros modos de vidas e na subjetividade de cada pessoa, um espaço de [Re]existência, uma consciência de coletividade. E, ao menos, em 2055 saberemos qual foi a nossa luta, a nossa história.

Valécia Ribeiro
mais uma voz

 


vídeo e design sonoro: Cyrille Brissot

 

Para ver o vídeo de abertura: https://www.instagram.com/p/CIZTpwApTnd/

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