Jornada dupla ou tripla de trabalho sobrecarrega mulheres

Por Leiziane Mota

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a mulher brasileira trabalha 5 horas semanais a mais que os homens. O tempo é calculado levando em consideração a jornada fora e dentro de casa, o que inclui as atividades domésticas. Segundo os dados, os homens trabalham 43,4 horas por semana fora de casa e 9,5 horas em casa, enquanto as mulheres possuem uma jornada de 36 horas no mercado de trabalho e 22 horas em casa.

Para a OIT a mulher entrou no mercado de trabalho e terminou acumulando as atividades fora de casa com as domésticas e familiares. A saída da mulher do lar não foi acompanhada por uma mudança na divisão sexual do trabalho. Assim, elas ainda são as principais responsáveis pelas atividades domésticas. Também é apontado que políticas públicas devem facilitar o processo de conciliação entre o trabalho, vida pessoal e vida familiar, devendo existir melhorias no transporte público, maior acesso a creches, jornadas de trabalho flexíveis e uma maior divisão do trabalho doméstico.

Muitas mulheres trabalham em casa e ainda têm emprego
Muitas mulheres trabalham em casa e ainda têm emprego

Muitas mulheres em Cachoeira vivem essa rotina fora e dentro de casa, tendo muitas vezes uma dupla ou tripla jornada de trabalho. Rosilene Conceição, 49, trabalha de segunda a sábado na feirinha, 4 dias em casa de família, todo dia faz comida, cuida da casa e dos filhos. “Todo dia estou na feira. Um dia vou pra casa e um dia vou pro trabalho”. Merijane Santana, 40, além de ser camelô também cuida dos afazeres domésticos. Comentando seu dia a dia afirma: “Saí de casa cedo, e quando chego em casa ainda tenho que lavar roupa. Ainda cuido dos bichos. Eu faço tudo sozinha. Eu e Deus.”

A professora e pesquisadora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Valéria Noronha, aponta que a discussão em torno do trabalho feminino está no centro de questões importantes para a cidadania da mulher. Ela afirma: “A partir de uma perspectiva feminista, a temática apresentada tem sido historicamente um dos eixos norteadores de debates localizados no contexto das políticas públicas, onde sindicalistas, movimentos sociais de mulheres, especialistas de organizações não – governamentais (ONGs) e setor público vêm ao longo dos anos provocando uma ampla reflexão sobre a categoria trabalho.”

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