Nem só de axé vive o carnaval

Gabriela Nascimento
  Membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia saíram do cenário da folia dos trios elétricos do carnaval de Salvador e foram para um retiro espiritual. O grupo, com  cerca de 170 pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos. O destino foi um eco resort em Barra de Itarirí, na linha verde, há 168 quilômetros da capital.
  Foram cinco dias de retiro, de 28 de fevereiro a 5  de março,que envolveram momentos de adoração a Deus e lazer. Os adventistas costumam aproveitar esse período, todos os anos, para descansar e fortalecer o relacionamento com Cristo. Ana Sophia Vaz, 21 anos, falou sobre sua experiência “Além de melhorar nosso relacionamento com Deus, nos ajuda a conhecer melhor as pessoas que, como no meu caso, não têm tido uma oportunidade como essa. O local deste ano foi muito bom porque tivemos também contato com a natureza e com a criação de Deus.”
  Vanessa Alves, 17 anos, por sua vez, contou o significou ,  para ela,  ter  participado do retiro :“Em um momento onde vários jovens estavam indo em busca de festas, eu estive isolada literalmente do mundo para aproveitar o carnaval de maneira diferente. Diferente no sentido de poder me ausentar e desligar de tudo para fazer não só uma reflexão sobre a minha vida, como também poder estar um pouco mais em comunhão com Deus.”
  O objetivo do retiro, além de proporcionar dias de maior conexão com Deus e com a natureza, foi o de  retirar os religiosos da agitação de Salvador no período carnavalesco.  É o que afirma a psicóloga Paula Ferreira, uma das organizadoras da viagem : “Estar em meio à natureza, distante das atividades que o carnaval oferece, nos dá a opção de nos desligar um pouco disso tudo, já que a nossa ideologia é muito contrária ao que o carnaval prevê. Nossa motivação maior é promover um encontro espiritual entre irmãos”.
  Rodrigo Caffé, que também faz parte da comissão organizadora, explicou   as principais dificuldades encontradas para se promover encontro como esse.  Segundo ele,  “uma das principais dificuldades é a de trabalhar com o orçamento apertado, já que o retiro não tem finalidade lucrativa e os preços não podem ser impeditivos para os que possuem poucos recursos”.
A visão dos jovens
  Apesar de um ambiente marcado por atrativos como rio, mar e lagoa, a diversão não ficou em primeiro lugar. O fato de estar entre amigos e praticantes da mesma fé, em um local que nada se parece com grandes cidades, foi o que mais contou para Sérgio Cayres, 23 anos:  “Torna-se necessário um momento de retiro, de fuga do clima festivo que o carnaval promove. Estar em contato com a natureza e com os amigos que compactuam das mesmas convicções é primordial pra que o relacionamento com Deus seja fortalecido, deixando de lado a correria e atrativos que os grandes centros urbanos proporcionam e acabam nos afastando de Deus.”
  Na era extremamente conectada, o lugar de reserva ambiental e sem sinal algum de telefone e de internet não foi visto como problema para Ronysson do Ouro, 23 anos. Para ele, “a escolha do local, foi bastante acima das minhas expectativas, pois foi um local totalmente isolado de internet, sinal de celular e televisão, proporcionando assim momentos de maior interação com os amigos e com Deus, dando a possibilidade de fazer novas amizades e fortalecer as existentes.” “O retiro é uma oportunidade de descansar, se desligar do mundo, e esse ano em especial por não pegar celular. Participar do retiro é experimentar um pouco do céu ”,  completou Marianna Loureiro, 21 anos.

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