Pesquisa foi feita por sindicato local, mas Secretaria Municipal não confirma os dados.
Por: Leonardo Gonçalves
O número de professores afastados por problemas de saúde vem crescendo na cidade de Cruz das Almas, no recôncavo baiano. De acordo com a Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB) de Cruz das Almas, 18 profissionais da educação da rede municipal de ensino estão afastados por problemas psicológicos e doenças musculoesqueléticas. Os problemas podem ser causados devido às condições das salas de aula e do acúmulo de trabalho, segundo especialista.
O número dos profissionais da educação que pedem licença nas escolas por problemas de saúde cresce cada vez mais, sobretudo por conta da depressão, da ansiedade e das doenças musculoesqueléticas (dores ou lesões nos ossos, articulações, tendões, músculos, dentre outros). Segundo dados da Secretaria de Administração do Estado (Saeb), foram afastados 1.361 educadores nos oitos primeiros meses do ano passado, ou cinco professores por dia, o que representou 3,4% do total de 40 mil profissionais na ativa. Já na cidade de Cruz das Almas, de acordo com o presidente da APLB, Augusto Gonçalves, o número de afastamentos segue a lógica baiana, mas ainda não preocupa o período letivo municipal porque, na maioria dos casos, os educadores podem ser reaproveitados em outras funções.
“Os professores que precisam se afastar da sala de aula por conta de algum problema de saúde podem passar pela readaptação fazendo atividades voltadas à área administrativa, ou seja, eles não dão aula, mas estão exercendo outras funções. Em outras palavras, a readaptação é o desenvolvimento de uma atividade compatível com a patologia que ajuda a prevenir a queda no número de funcionários” completou Augusto.
Dados Inconclusivos
Conforme o Secretário de Educação do município de Cruz das Almas, Mário Araújo, os dados do sindicato dos professores são inconclusivos, mesmo estando próximos da realidade. O secretário acredita que o número é relativamente alto para um município do interior baiano porque os professores são submetidos à alta carga de stress proveniente do comportamento do aluno. “Alguns alunos sofrem com a desagregação familiar e isso é um problema social grave, porque, nestes casos, a educação doméstica não é prioridade. Chegam várias reclamações de professores que são desrespeitados e que não podem fazer nada além de solicitar a presença dos responsáveis” enfatizou.
Por outro lado, Augusto Gonçalves acha que não é apropriado atribuir o stress da profissão somente à conduta do aluno, pois as salas de aula são antiquadas e insalubres. “As escolas trazem uma estrutura antiga. As alturas dos quadros são incompatíveis acarretando Lesões por Esforço Repetitivo (LER), as ambientações das salas são inadequadas tanto para o aluno quanto para o professor. Não há conforto nem iluminação suficientes, além da péssima acústica. O professor deve falar alto o tempo todo e isso prejudica a fala, por exemplo” afirmou.
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