A Iniciação Científica: um caminho de duas vias

Natália Dourado Lopes 

Cachoeira – É possível perceber dois grandes esforços na caracterização do que a atividade de iniciação científica deve ser, discutidos aqui pelo professor Dr. Carlos Costa, gestor de Atividades de Pesquisa no CAHL, e Carlos Eduardo Nascimento – o Cacau – mestre em História e morador de Cachoeira.

A primeira caracterização explica que na proposta que toda pesquisa científica há um fim social (umas mais que outras), mas todas têm; “o objetivo de toda informação produzida pela pesquisa científica é gerar uma expressiva inserção na sociedade, tal que se torne senso comum, de uso cotidiano pelos cidadãos” afirma Carlos Costa.

Para Cacau, toda pesquisa científica deve ter uma intervenção direta na sociedade, mas a universidade está tardando em fazer um trabalho que envolva historiadores, sociólogos, jornalistas, museólogos: um grupo plural acadêmico; que faça uma interação social e construa um diagnóstico completo da sociedade qual está inserida a universidade para a consolidação de políticas afirmativas e de uma real socialização.

O perigo é adotar uma postura populista, do tipo que entende que “a pesquisa científica só tem sentido social se seus resultados vierem com a pecha de qualquer termo politicamente engajado, ou cuja práxis seja alterada para atender essa demanda política/ ideológica, diria “dogmática”, e, portanto, fugir a sua essência de questionar e investigar as diferentes realidades”, arremata Costa.

O embate e o estranhamento que a comunidade tem para com a universidade, é o mesmo que a universidade tem para com a comunidade. São valores, culturas e tradições distintas; um choque natural de realidades; é uma sensação de não pertencimento. “Como num processo de osmose: você tem que se misturar até o momento que se integra – o conhecimento surge a partir da integração do pesquisador com o real objeto estudado”, defende Cacau.

Carlos Costa continua a direcionar que a pesquisa, como prática de investigação e produção controlada de conhecimento, tem seus mecanismos e, muitos deles, pela natureza de objeto de pesquisa, não poderão ter essa inserção no social de maneira direta, sob pena de prejudicar os próprios dados. “Alguém tem dúvida da importância social das pesquisas com células tronco? No entanto, em essência, essas pesquisas são realizadas sem a inserção social direta”, complementa.

Cacau conclui dizendo que a universidade deve trazer para si a comunidade. A comunidade deve se sentir participante e não intimidada pela universidade, faz-se necessário aquela sensação de pertencimento – de unidade. Essa ideia incide sobre o pensamento do coordenador geral de Políticas Afirmativas no CAHL, Antônio Taffarell, que vê uma universidade preocupada com “pseudo intelectualidade”, e não em estabelecer um diálogo com a comunidade, e aí há uma preocupação a esse respeito, pois “essa não é a universidade que sonhei e que ajudei a construir”, pontua Taffarell.

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