Anseios e expectativas de lazer em Cachoeira

A visão dos estudantes para sair do tédio ao começar a morar em Cachoeira


Sair da casa dos pais para fazer faculdade em outra cidade nem sempre é tarefa fácil. Quase sempre nós, estudantes, carregamos uma bagagem enorme de expectativas e ansiedades em relação à nova cidade em que iremos morar, a não ter mais o conforto dos nossos pais fazendo nossas coisas, assumir diversas responsabilidades e, principalmente, a tão sonhada liberdade de vivermos nossa vida do jeito que queremos sem ninguém para intervir muito diretamente nas escolhas. Também, quase sempre, quando desinformados, sonhamos com uma vida universitária que os filmes hollywoodianos, a exemplo de American Pie, nos passam. Mas será que, quando você se mudar para uma faculdade localizada numa cidade pequena, como Cachoeira, a 120 km de Salvador, a visão de curtição ainda é a mesma?

Para quem não sabe, Cachoeira é uma cidade do interior da Bahia, mais especificamente no Recôncavo, que, segundo estatística do IBGE de 2016, possui 35.013 habitantes. Confesso que, para mim, mudar para Cachoeira significava apenas assumir várias responsabilidades em relação a casa e ao financeiro, mas nunca cogitei uma vida agitada. Sinto informar que estava infinitamente enganado, pelo menos na minha época. Há três anos moro em Cachoeira e acumulo diversas histórias para contar, quase sempre envolvendo amigos e muita diversão. Porém o objetivo aqui não é contar minhas experiências, mas saber com os estudantes do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), campus de Cachoeira da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), como foi a mudança de cidade e como foi encarar as verdadeiras opções de lazer dessa pequena cidade de grandes surpresas.

A famosa 25

Escolha unânime entre os estudantes do CAHL, a rua 25 de Junho (ou simplesmente 25, como chamamos carinhosamente) é onde concentra o maior público da cidade, especialmente durante as noites. Sendo o local que agrega as maiores opções, a 25 agrada a gregos e troianos, desde aquelas pessoas que querem encher a cara de álcool e sair sem saber o próprio nome até aqueles que só querem comer alguma coisa e tomar um refrigerante. As opções mais famosas são O Mercadinho do Preto Velho (popularmente conhecido como Bar de Paulo Lomba), onde nos juntamos para beber e socializar com os amigos, e a Cabana do Doidão que é um espaço pequeno, mas com as melhores festas e DJ’s para suar dançando, sair para tomar um ar e já querer voltar para dançar de novo. Quem quer alternativas para comer, temos também Sica com seus sanduíches, o Garagem Macarrão Ao Vivo, a pizzaria Fristique ou o Restaurante Aclamação. Além do Restaurante Pai Thomaz que é uma opção mais sossegada, com um ambiente mais tranquilo para beber, comer algo e aproveitar o Happy Hour das 16h às 20h com batata dobrada e cerveja Itaipava a um precinho especial.

Infelizmente, nem tudo são flores. O que antes era aclamado por todos, apesar de ainda ser a escolha unânime, está passando por algumas dificuldades. A falta de coisas novas para quem já está aqui há mais tempo torna-se um grande empecilho. “Hoje em dia eu não vejo mais tantas opções de saída em Cachoeira como antigamente. O que tinha antes era o Doidão, a 25 e agora eu não vejo os bares ofertando novidades, os preços não são mais tão bons. Hoje eu não vejo mais opções para quem está solteiro, por exemplo, e quer sair para se divertir e paquerar” salienta a estudante do sexto semestre de Jornalismo Iasmyn Gordiano.

Além da falta de novidade, nossa 25 está enfrentando outro problema na cidade: violência. Está frequente a ocorrência de assaltos a estudantes e isso influenciou na percepção da cidade que Bruno Leite, estudante do segundo semestre de jornalismo, tem. “Cachoeira é uma cidade tranquila com poucos agitos na 25, por ser uma cidade mais interiorana eu sempre soube que ela era paradinha”.

Foto: Jamile Novaes
Lomba e o interior do seu bar. Foto: Emanuele Macedo

Formei e voltei… e agora, José?

E para quem terminou o curso, saiu da cidade e volta para passar um tempo e visitar, será que muda alguma coisa? Por ser uma cidade de poucas opções, Cachoeira acaba não oferecendo muito o que fazer para quem já saiu da graduação e entra em uma nova etapa da vida. Apesar do point sempre ser a 25, percebemos algumas ressalvas. A preferência agora está em sair para comer.

“A maior diferença que vejo é que antes eu saía na intenção de beber e frequentava lugares que me ofereceriam esta opção, como 25 e festas de república, enquanto hoje eu saio muito mais para comer”, afirma o jornalista formado pela UFRB Maurício Miranda.

Falando em festas de república, é outro ponto que também mudou muito na cidade e já não existia quando ingressei na faculdade. “Sinto um pouco de falta das festas em repúblicas, ou as festas da estação que os estudantes organizavam, do Café com Arte e outros espaços que não a 25”, comenta a jornalista formada pela UFRB Allana Oliveira.

Isso mostra como a cidade passa por um grande processo de mutação e se adapta a depender de como vai surgindo outras opções ou de como os estudantes lidam com elas.

Amor I love you

Convenhamos que a 25 não é um lugar dos mais românticos para sair com seu amorzinho e para isso Cachoeira oferece outras alternativas. O Horus Bistrô Egípcio oferece um ambiente agradável e aconchegante para quem pretende passar uma noite especial com mozão e comer algo de diferente. Além do restaurante Don Pepe, com um cardápio especializado em comida espanhola e ambiente também bastante agradável. Só prestem atenção em algo importante: comer nesses lugares pode não sair tão barato!

Decoração do Hórus Bistrô Egípcio. Foto: Alessandra ValeAlanna indica:

A 25 é um clássico né? Desde sempre foi a principal opção noturna, quando não a única, e melhorou bastante depois que incluiu atrações musicais, porque antes era só beber mesmo. A Cabana já foi melhor, mas é a única opção pra dançar (e lacrar). Gosto da promoção da Cabana do Pai Thomaz também, do por do sol no porto, cerveja no bar do reggae, em Jazon com litrinho barato. Quando quero um pouco de privacidade vou ao Baiana’s, mas é raro (e caro). O por do sol na Faceira também vale a pena. As opções diurnas são mais escassas, mas curto ir à cachoeira de Murutuba e no Engenho da Vitória.

Nossa leitora Alzira Costa comentou nesta matéria sobre outra opções de lazer bem legais em  Cachoeira e decidimos fazer uma atualização colocando um box com suas indicações.

Alzira indica:

Nem só de bares e restaurantes vive o circuito da 25 de Junho. Na mesma área, localiza-se o histórico Cine Theatro Cachoeirano, que oferece uma diversificada programação com exibição de filmes, shows, espetáculos teatrais, entre outros eventos, muitos gratuitos. Ainda na região funcionam ateliês de artistas cachoeiranos, a Fundação Hansen Bahia, a Casa do Samba de Dona Dalva, o Museu do Cinema Roque Araújo.

Então gente, é isso. Caso vocês queiram encher a cara na 25, cuidado para não terminarem como o começo da música I Knew You Were Trouble, da Taylor Swift, “Once upon a time, a few mistakes ago” (Era uma vez, alguns erros atrás) e em vez de voltarem para casa, acabarem dormindo por lá mesmo ou fazendo coisa pior (como correr pelado e derivados).

4 comentários sobre “Anseios e expectativas de lazer em Cachoeira

  1. Em primeiro lugar, o nome da Rua é 25 de Junho,não 25 de Julho, como está escrito na matéria. Rua 25 de Junho é uma homenagem a data da Independência de Cachoeira, fato histórico importante para a consolidação da soberania nacional.
    Em segundo lugar, nem só de bares e restaurantes vive o circuito da 25 de Junho. Na mesma área, localiza-se o histórico Cine Theatro Cachoeirano, que oferece uma diversificada programação com exibição de filmes, shows, espetáculos teatrais, entre outros eventos, muitos gratuitos.
    Ainda na região funcionam ateliês de artistas cachoeiranos, a Fundação Hansen Bahia, a Casa do Samba de Dona Dalva, o Museu do Cinema Roque Araújo.

    1. Boa tarde, Alzira.
      Fizemos a correção do nome da praça 25 de Junho e acrescentamos à matéria suas sugestões de lazer em Cachoeira com um box especial.
      Obrigado pela sua participação!!

  2. Aahhh a identificação de uma pessoa que saia pra beber e hoje em dia só sai pra comer ou prefere nem sair pq tá sempre mt cansada! Essa sou eu e estou há alguns muitos quilômetros de Cachoeira! Hahahaha. Adorei a matéria e pude visualizar um pouco de como é a cidade. Tá de parabéns, jornalista!

  3. Sair de casa para fazer uma faculdade é o primeiro grande passo para entrar na vida adulta, pelo menos é o que a maioria acredita mesmo que seja e realmente, as mudanças sao visives logo nos primeiros meses.
    Apesar de ter cursado uma faculdade em minha cudade mesmo, ver minha irma tendo que organizar um calendario para voltar pra casa, aprender a ter que se virar sozinha de verdade, conhecer pessoas novas, frenquentar outras festas realmente causou mudanças significativas nela.
    Fiquei morrendo de vontade de comhecer o Horus, parece ser aquele ambiente de romance egpcio puro e tambem adoraria ir la conhecer o Bar do Lomba.
    Um dia quem sabe, vamos la comprar uns salgados!
    Amei o texto e obrigada pelas otimas dicas.
    Beijos.

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