Coletivo Osório Brito reforça presença quilombola na universidade

Estudantes quilombolas da UFRB criam um coletivo como forma de fortalecimento e construção de espaço dentro da universidade.

Por Jelson Junior

Integrantes do Coletivo Ósorio Brito – Foto: Divulgação/ Facebook

O ano é 2015. Surge na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Campus Cachoeira, o Coletivo Osório Brito. Formado por estudantes de comunidade remanescente de quilombo, esse grupo surgiu como forma de fortalecimento, construção de um espaço e troca de conhecimentos entre os estudantes. Além disso, ele também  contribui na entrada e permanência de outros quilombolas que vem acessando vagas na universidade.

Izabeli Santos – Foto: Divulgação Facebook

A estudante de Ciências Sociais, Izabeli Santos, foi uma das pioneiras da construção do coletivo Ósorio Brito. Para ela, esse coletivo tem uma importância simbólica e afetiva entre os estudantes quilombolas da UFRB. Como também no fortalecimento na autoestima dos estudantes nas questões de permanência material, fazendo mapeamento dos estudantes em situação de vulnerabilidade e indicando os caminhos formais de permanência, “o coletivo assumiu a posição estratégica de ser o meio de fortalecimento afetivo, subjetivo, simbólico, material e institucional para garantia dos quilombolas na UFRB”.

O coletivo quilombola tem como objetivo fortalecer os laços entre esses estudantes que possuem distintas realidades, mas que compartilham os mesmo desafios seja emocional ou material, ao entrar na universidade. Como afirma a estudante quilombola, Carlene Santana dos Santos. “O coletivo tem grande importância para a nossa permanência, nas articulações contra opressão e contra este sistema que não nos quer nestes espaços, principalmente os da universidade. Sistema opressor que todo momento tenta nos boicotar enquanto povo preto e pobre”.

 

Carlene Santana – Foto: Divulgação / Facebook

Antes da criação desse coletivo, os estudantes quilombolas que chegavam à UFRB do Campus de Cachoeira, se sentiam desamparados pela falta de conhecimento das políticas afirmativas existentes dentro do centro. Mas, após o surgimento desse grupo em 2015, essa situação mudou completamente. Quando os novos estudantes ingressam  na universidade, o coletivo se une com eles, dão totais apoios e indicam os caminhos para a busca dos seus direitos. Como conta o estudante de Gestão Pública, Luis Alberto. “Quando eu cheguei aqui em Cachoeira em 2016, o pessoal do Coletivo Ósorio Brito me acolheu e me deu total apoio. O coletivo abraça a todos os envolvidos e tenta de qualquer forma passa todas as informações necessárias. Tirando dúvidas que nós estudantes possa ter com relação à universidade e as burocracias/obstáculos que existe dentro da mesma”.

 

Esses estudantes quilombolas, ao ingressarem no ensino superior em intuições públicas, tem direito a um auxilio de R$ 900,00 que é pago diretamente pelo Ministério da Educação para ajudar na permanência dos mesmos até a sua formação.

Osório Brito dos Santos foi um quilombola e agricultor que nasceu, e viveu toda sua trajetória de vida na Comunidade Quilombola de São Francisco do Paraguaçu, zona rural de cachoeira – Ba. Ele foi uma das importantes lideranças negras que lutaram pelo acesso e pela permanência dos quilombolas Universidade. De acordo, Izabeli Santos, neta de Ósorio Brito, seu avô aprendeu a escrever seu próprio nome aos 70 anos e tinha o sonho de escrever sobre a trajetória dos quilombolas antes de morrer.

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