Terra forte, aprazível, feraz: Cruz das Almas celebra 122 anos de emancipação política

Por: Bruno Brito e Leonardo Gonçalves

O 29 de julho marca o aniversário de 122 anos da cidade de Cruz das Almas. A cidade planalto, localizada no Recôncavo Baiano conta com cerca de 65.000 habitantes, segundo o IBGE. Foi fundada após a criação da Lei nº 119 de 29 de julho de 1896, quando se desmembrou de São Félix. Também conhecida como cidade do rock, o município cruzalmense se destacou pela presença de indústrias fumageiras entre as décadas de 30 e 50. Atualmente, a cidade se destaca pela presença da Embrapa e da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Folclore municipal

Há duas versões conhecidas que explicam o nome da cidade, a primeira, e mais famosa, diz respeito a presença de um cruzeiro (cruz de grande porte) que foi fincada numa trilha que ligava o interior da Bahia a Minas Gerais. Esta trilha era percorrida por tropeiros (peregrinos que iam em busca de riquezas pelo interior do Brasil) que descansavam e rezavam pela alma dos entes queridos na altura da localidade do Oteiro Redondo (atual Cruz das Almas) por entenderem que o local era alto e plano fornecendo proteção contra indígenas locais. Já a segunda versão conta que uma família portuguesa, os Rocha Passos, chegaram às terras do recôncavo e se depararam com um local parecido com a cidade portuguesa de Cruz das Almas, por essa razão, nomearam a cidade baiana com seu homônimo.

Hermes Peixoto Foto: Bruno Brito

De acordo com o cordelista Hermes Peixoto é difícil dizer ao certo qual a verdadeira história da cidade, pois há pouca documentação e muito folclore em relação ao passado. “É, em maioria, aceito que havia um cruzeiro na qual os tropeiros lamentavam a morte de conhecidos e que hoje é o centro da cidade. Por causa disso a Vila recebeu o nome de Cruzeiro das Almas e depois Cruz das Almas. Por outro lado, acredito que a verdadeira história é uma mistura das duas versões com folclore” enfatizou.

Escola de Agronomia

Alino Matta Santana é pesquisador e historiador Foto: Divulgação/Facebook

O pesquisador Alino Santana destaca a vinda da Escola de Agronomia para a cidade de Cruz das Almas, e fala da história que culminou na chegada da escola ao município. “Os barões da época pediram ao Imperador, que criasse um Instituto para estudar a Cana-de-açúcar porque a produção estava caindo, então foi criado o Imperial Instituto Baiano de Agronomia que foi inaugurado em 1859, em São Bento das Lages”. Após 18 anos, em 1877, mediante pedido dos barões da época que viam seus filhos indo estudar no exterior, foi inaugurada a Escola Agrícola da Bahia. No ano de 1920, ela foi transferida para Salvador. Em 1943, ela é para Cruz das Almas, denominada Escola Agronômica da Bahia, integrando-se a UFBA em 1967 e mudando o nome para Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia. Nascido em uma cidade com tanta história, Alino critica a falta de memória na cidade cruzalmense. “Cruz das Almas tem perdido muita coisa, porque não tem um acervo histórico. Não davam importância. A cruz que ficava em frente a igreja desapareceu como tem desaparecido muitas coisas nossas”.

Os festejos do aniversário da cidade, contarão com a tradicional alvorada, logo pela manhã, acompanhado do hasteamento das bandeiras. Outro momento já tradicional é a Missa em Ação de Graças pelo aniversário da cidade, que ocorre na Catedral Nossa Senhora do Bom Sucesso. No período da tarde, haverá o Desfile Cívico, com a presença de unidades escolares e fanfarras. Os festejos se encerram com a festa de rua, na praça Multiuso, completando assim o ciclo de comemorações ao 29 de julho.

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