Recôncavo Baiano abre espaço para novas crenças religiosas 

A região do Recôncavo Baiano, reconhecida por suas manifestações culturais e seu sincretismo religioso, sempre teve como principais crenças as religiões de matrizes africanas e o cristianismo. A cidade de Santo Amaro, famosa pelo seu grande número de terreiros de candomblé e com comunidade evangélica crescente, agora também abriga um centro budista. O espaço está situado na comunidade do quilômetro 25, na estrada que liga os municípios de Santo Amaro e Cachoeira, e em três anos de existência já foi visitado por mais de três mil pessoas. O local oferece ensinamentos como práticas de recitação, sutras, mantras e estudos de algumas vertentes budistas, contando também com a exibição de filmes que relatam a cultura tibetana. Essas atividades estão sob a responsabilidade de quinze facilitadores que gerenciam todas as tarefas.

Originário do Tibet, o budismo chegou ao Brasil através da promoção da cultura de paz, ato que consiste em retiros pelo mundo inteiro semeando a harmonia entre os seres humanos e promovendo ações com o objetivo de ajudar pessoas com as mais diversas dificuldades. Através da procura de espaço para a realização de mais um desses retiros na Bahia, os organizadores conheceram um local na cidade de Santo Amaro, onde hoje funciona o centro rural.
Durante os finais de semana são oferecidos cursos e outras atividades para iniciantes e adeptos, as ações promovidas e as es

tadias não são cobradas, cada visitante colabora voluntariamente com o valor que quiser para ajudar na manutenção do espaço que funciona através de doações.

A coordenadora do centro, Ana Ricl, afirma que desde o princípio não notou nenhum estranhamento das pessoas ao redor e que percebe uma cooperação de algumas em relação ao centro, no sentido de proteger o espaço. Ao longo desses anos a comunidade budista tem estabelecido uma relação com a comunidade, segundo ela são oferecidas ações como o programa Sorriso Iluminado, que conta com dentistas e agentes de saúde na educação bucal, aproximando crianças da localidade e suas famílias. Uma das principais preocupações do centro é respeitar a cultura, religião e todo o modo de vida das pessoas que já moravam na região, por isso o objetivo do budismo não é converter as pessoas, nem fazer com que elas mudem de religião, sua função é promover o estudo de quem se interessar e oferecer uma localidade para as práticas.

Foto de capa: Erica Matos