Fibromialgia: doença mal compreendida causa dores na musculatura

A doença possui maior incidência entre mulheres de 30 a 50 anos de idade; nem sempre diagnóstico correto é realizado.

Por Victor Ribeiro.

A fibromialgia é uma doença que causa dores crônicas que podem durar anos e afetar o corpo inteiro. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a doença atinge pelo menos 2,5% da população brasileira. O índice mostra a importância e a necessidade de conscientização para promover debates sobre a enfermidade.

A fim de contribuir com a discussão, o Reverso Online conversou com a médica Daniela Pires, que trabalha na cidade de São Félix. A profissional explicou de que maneira é possível identificar a doença. “A fibromialgia não tem uma causa conhecida. Ela surge na forma de dor generalizada sem outro motivo ou algo que possa revelar outra doença”, afirmou.

Por não ter causa específica, o diagnóstico da fibromialgia é mais difícil, principalmente, por se tratar de um teste clínico que não precisa de exames, mas de uma entrevista detalhada sobre os sintomas. A falta de exames faz com que alguns pacientes rejeitem o diagnóstico e tratamentos adequados.

As pessoas que sofrem dessa condição não possuem garantia de acesso a todos os direitos dos grupos de PCD (pessoas com deficiência). Não são todos os municípios que oferecem carteirinha preferencial e facilitam o acesso aos medicamentos e serviços de acessibilidade, por exemplo.

A fibromialgia pode ser afetada por alguns fatores e doenças que agravam as dores como, por exemplo, a Covid-19, infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus. Além disso, o aspecto psicológico também pode influenciar a saúde dos portadores da doença.

De acordo com Daniela Pires, é possível caracterizar a fibromialgia como uma dor que não se não sabe de onde, acompanhada muitas vezes de fadiga, cansaço, dificuldade para dormir, insônia e problemas psicossomáticos. “Então, a pessoa, às vezes, tem depressão, ansiedade que não cuida e acaba piorando a dor generalizada”.

Apesar de não possuir cura, profissionais da área recomendam algumas atividades que podem ajudar a lidar com a doença, a exemplo de exercícios físicos, boa alimentação e acompanhamento psicológico. Medicações recomendadas por profissionais da saúde também fazem parte do tratamento.

A fibromialgia afeta tanto o portador da doença quanto as pessoas ao redor. Atividades domésticas simples como cozinhar ou faxinar a casa, muitas vezes são impossibilitadas por conta das dores e dos movimentos musculares prejudicados.

A estudante Laís Anjos, diagnosticada há dois anos com a doença, contou um pouco das suas dificuldades. “Afeta bastante meu dia a dia porque tudo acaba se concentrando ao redor da doença. Eu faço faculdade e é extremamente cansativo depender de transporte, a questão da energia mental. Faço graduação de artes e os professores tiveram que adaptar as aulas, pois não consigo fazer algumas atividades por conta do esforço físico”.

Nem todas as pessoas portadoras são diagnosticadas com fibromialgia. De acordo com a médica Daniela Pires, é muito comum as pessoas possuírem a doença, acharem que se trata de alguma dor comum e não buscarem ajuda.

*Imagens utilizadas foram produzidas com ferramenta de inteligência artificial