A verdadeira história de “Alice no país das maravilhas”

Crônica apresenta a saga da menina que saiu da comunidade da Terra Preta, em Valença, para lutar pelos sonhos no Recôncavo Baiano.

Por Maria Alice Santos.

Essa história é da Alice no país das maravilhas, mas não é aquela história clássica e clichê que vocês conhecem. Desculpe desapontar você, caro leitor! Nesta história não há coelho branco, ou o gato risonho, nem mesmo a malvada rainha de copas. Essa história tem resiliência, aventuras, e muita coragem!

Ela começa no interior de Valença, na zona rural, no lindo jardim de dona Dole. Assim era conhecida a avó de Alice.

A menina estava no jardim cantando e brincando, como de costume, quando sua tia chegou para buscá-la. Alice tinha 6 anos de idade, não entendia o que iria acontecer, mas era muito curiosa e sabia que precisava sair dali para conhecer o mundo lá fora. Seu sonho era ser escritora, jornalista, confeiteira e brilhar nos palcos sendo cantora.

Mas como sonhar tanto? Sendo apenas uma menina mulher, de família pobre do interior. Ela via o que lhe esperava, mas sentia-se minúscula. Então, Alice tomou um antídoto chamado coragem que estava guardado e havia ganhado da sua mãe. Logo sentiu-se grande demais e com muita coragem e em um passe de mágica ela se deparou com um novo mundo.

Alice passou a viver com sua tia na cidade e para isso precisou recomeçar do zero, aprender novos modos diferente da educação que tinha na zona rural. Ainda com muitos medos, ela devorava livros e começou a ler muito rápido, sendo a oradora da turma na alfabetização. Sua desenvoltura chamava atenção de todos ao redor. 

A menina dedicava seu tempo à leitura e passava horas escrevendo e cantando. A música era sua fuga para um mundo “encantado”, um mundo só dela, um universo onde todos desejos do seu coração eram reais. 

Sua infância e adolescência foram muito solitários, pois não se encaixava em grupo nenhum. Excluída, os colegas debochavam da menina que veio da “roça” e, além de tudo isso, sem pais presentes.

Então, era nesses piores dias que ela se reinventava. Com sua criatividade, criava amigos imaginários e assim preenchia seus dias tristes. Sempre buscando ver o lado positivo e acreditando em um dia melhor!

Com a família humilde, ela começou a trabalhar cedo, tornando-se uma confeiteira de mãos cheias! Logo começou a ganhar seu próprio dinheiro. Assim, ela se realizava e isso foi só o começo.

Com o tempo, ela foi superando seus limites, seus traumas e inseguranças e descobriu que tinha algo especial que era só dela: sua determinação. Então, com muita dedicação ela conseguiu entrar na faculdade de jornalismo, a qual sempre sonhou.

E a música? Com muita persistência, ela começou conquistar seu espaço nos palcos, derrotando vários vilões como o preconceito e machismo. Cantar era seu antídoto mágico, usado para expressar seus sentimentos, suas paixões e suas saudades. Tudo isso era compartilhado com seu público que a encorajava para que ela nunca desistisse.

Como esse não é o “país das maravilhas”, Alice continua vivendo vários desafios, ainda mais sendo uma mulher no mundo da música. Ela ouve coisas do tipo, você não teria um homem para representar você e cuidar dos negócios?

Mas, então, são nesses dias que ela continua aproveitando seu antídoto secreto, a “coragem”, que a torna muito grande, capaz de vencer qualquer batalha, e com um sorriso no rosto ela vai à luta contra os adversários com determinação e muita ousadia. Assim, vivendo um dia de cada vez, em busca do seu feliz para sempre.

*Imagem em destaque produzido por meio de ferramenta de IA