Nêssa:“O pagodão é tão potente quando quanto o funk”

Cantora, que é um dos destaques da nova geração de músicos baianos de Salvador, fala nesta entrevista sobre carreira, pandemia e, claro, música

Iago Aragão

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Cena do clipe Aquele Swing, sucesso da cantora no Carnaval de 2020

Vanessa da Anunciação, 28 anos, surpreendeu muitos amigos e até boa parte da família, que não conheciam seus dons musicais, quando se lançou como cantora e virou Nêssa. Com apenas três anos de carreira, é um dos mais fortes nomes da nova geração da música pop soteropolitana, que vem se destacando como um movimento de reivindicação e valorização das sonoridades populares do estado, como o pagodão; além da fusão com outros gêneros nacionais e internacionais, como a música eletrônica, o trap e o funk. Seu maior sucesso, Aquele Swing, lançada em janeiro do ano passado em parceria com o grupo baiano Àttoooxxá e o cantor Yan Cloud, já conta com mais de 1,2 milhões de reproduções só no Spotify.

Diretamente do bairro de Pau da Lima, na capital Salvador, a artista, que apesar de afirmar sempre ter tido a música presente em sua vida, seja nos festejos familiares ou na sonoridade das ruas de seu bairro, até pouco tempo atrás, nunca havia pensando em seguir a carreira de cantora. Inclusive por isso, se formou e ingressou no mercado de trabalho como designer, área em que atua até hoje em conjunto com a carreira musical.

O modelo exato do que o termo artista independente pode significar, Nêssa se envolve de maneira ativa em todos os processos da sua carreira. Desde o investimento financeiro, tirando do próprio bolso o dinheiro para a gravação das suas músicas e videoclipes; até mesmo prática, quando une suas habilidades na área de design e ilustração para a criação das suas artes de divulgação, como capas de singles, vídeos e outros materiais promocionais.

Confira agora nossa conversa com a cantora e conheça um pouco mais sobre sua história e carreira:

Pra começar, você pode falar um pouco sobre si? Seu início na música. Como é que você iniciou, e de onde veio seu interesse?

 Então, eu tenho três anos de carreira, com 28 anos. Sou formada em design de produto pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e sempre atuei, na verdade, na área de design gráfico. Eu sou ilustradora, e hoje, até, eu estou atuando em paralelo a música, como ilustradora num estúdio de animação aqui em Salvador.

E na verdade eu comecei na música por conta de desmotivação mesmo assim da área, né? Que aqui na Bahia é um mercado um pouco complicado, e eu estava um pouco desmotivada. Assim, era uma coisa bem pessoal, eu não estava mais me vendo tão feliz na área e aí eu fiquei com um pouco de medo, sabe quando dá um pânico assim no futuro?

Como eu sou uma pessoa já naturalmente muito ansiosa, eu já estava me vendo no futuro não fazendo mais aquilo.  Eu não me imaginava mais fazendo aquilo. Eu comecei a buscar algo que eu realmente amasse. Como eu já estava formada, já estava no mercado de trabalho, já tinha um emprego na área – apesar de não ter sido um emprego na área que eu sou formada, que é design de produto, mas é uma área que também conversa ali…

Eu estava preocupada com o meu futuro em relação a fazer o que eu realmente gostava. Porque eu descobri que, na verdade, a ilustração, para mim, eu queria que fosse um hobby, e não trabalho.

Vídeo de divulgação da regravação de Nêssa para a música Margarida Perfumada da Timbalada, ilustrado e animado também pela cantora:

Mas, na verdade, eu atuei, eu trabalhei cinco anos na TV Bahia como videografista. Que além de ilustração, eu fazia animação para os jornais, enfim… E aí, eu comecei a enxergar na música uma possibilidade. Eu sempre gostei de cantar, só que nunca me imaginei como cantora, ninguém sabia, ninguém do meu ciclo, nem meus familiares sabiam que eu gostava de cantar.

 Resolvi me inscrever em uma aula de canto, me inscrevi na aula de canto, e aí alguém falou… Não, meu professor de canto falou que eu tinha uma voz muito comercial.  Aquela palavrinha ficou na minha cabeça, “uma voz comercial”, “talvez eu possa ganhar um dinheiro com isso aí” (pensou)… Eu comecei a estudar mesmo canto e comecei a pensar na possibilidade de lançar uma música, né? Eu nunca tinha escrito música, nunca tinha feito nada de música, e na verdade as coisas foram acontecendo, de verdade.

 Assim, eu conheci um amigo que ele era vocalista de uma banda de samba, e aí um belo dia eu pedi para dar uma palinha na banda dele, fui lá e aí foi assim que eu comecei. Fazendo participação em bandas de sambas aqui, locais.

Eu conheci um outro amigo que também era cantor, estava produzindo uma música com um produtor musical, que era até grande aqui de Salvador e eu procurei esse produtor musical para fazer a minha primeira música. E aí ele me ajudou bastante, me orientou qual caminho poderia seguir ali, eu mandei a letra para ele, ele fez o instrumental e aí acabei lançando a minha primeira música que foi Só Vem, junto com um clipe.

Procurei uma galera do audiovisual aqui para fazer… Paguei tudo, né?  Tipo, tudo com meu dinheiro da área do design, né? Eu sempre é banquei minhas produções… Com o tempo que eu fui é conhecendo as pessoas do meio, que aí a gente começou a criar parcerias, né? As parcerias são muito importantes nesse início, porque tem muita gente que está começando ao mesmo tempo que você, e aí vocês fazem uma parceria, uma troca…

Então, eu tive muita ajuda da galera do audiovisual daqui de Salvador, Bruno Zambelli, que é hoje um produtor musical bem conhecido, ele começou, basicamente a produzir, assim mais profissionalmente, na  mesma época que eu comecei a cantar, então ele foi produzindo algumas faixas minhas, ali experimental e tal, e a gente acabou lançando as coisas…

Então, a galera do Afrobapho, que é um grupo de dança daqui, eles sempre colavam comigo nos meus clipes, sempre tive essa parceria, assim, sempre buscava parcerias, né? Pra fazer essas coisas.

E aí eu fui começando a crescer. Lancei minha primeira música, as pessoas abraçaram muito, algumas pessoas não entenderam nada, do nada apareci como cantora. Aproveitei que eu trabalhava na TV Bahia, e aí, com os meus contatinhos lá dentro, consegui colocar minha música…

Primeira música que eu lancei tocou na Bahia FM. E aí é as coisas foram acontecendo, eu conquistei um público, pequeno, mas eu conquistei um público, assim, no início. E aí vem uma proposta pra eu cantar numa banda de samba, e eu sempre fui apaixonada por samba, então foi muito tentador para mim, mas eu não aceitei. A banda já veio pronta, eu seria vocalista dessa banda, só que eu estava muito focada já.

Aí eu tinha lançado a primeira música que era um pop, é… Ainda não tinha uma identidade assim, mas era um pop. Eu já tinha escolhido um caminho e as pessoas que começaram a me seguir entenderam que eu ia seguir por aquele caminho, então preferi ser fiel a isso. E aí eu fui, fui indo, foi indo, foi indo, e aí eu tô aqui!

Você fala que não pensava em ser cantora, mas já vi em algumas entrevistas que na sua família muita gente tinha algo relacionado à música, né? Isso foi uma inspiração? E fora dela você tem alguém que acha que a influenciou? 

Então, na minha família não tem ninguém que tenha seguido profissionalmente, mas sempre foi uma família muito musical, né? Nas festas de família sempre tinha aquele tio que levava um teclado, a minha avó, ela tem, ela toca violão. Então desde que eu me entendo por gente eu convivia ali, com minha avó ali tocando cantando…  Isso também, claro, me inspirou, né? A amar a música.

Mas nas minhas referências musicais eu sempre ouvi de tudo, assim, eu ouço de tudo. De forró a rock, funk, reggae, tudo. Todo dia ouço de tudo, assim. Meu repertório de gostos musicais é muito grande. Mas o que hoje inspira na minha música mesmo, no meu trabalho é…  Eu tenho muita influência do pagodão, né?

O Àttoooxxá é uma influência muito grande, são meus amigos, mas também são inspiração para mim. Eles me abraçaram no início, me convidaram para fazer participação no álbum deles, eu tenho uma música no álbum deles,  depois a gente lançou uma música através de mim: Aquele Swing, então a gente criou uma parceria muito forte. O Rafa Dias (RDD), que é do Àttoooxxá, ele já produziu outras músicas minhas.

Então, eu tenho essa influência do pagodão muito forte na minha música,  mas também a influência do trap, influência do funk, afrobeat, tem muitas músicas diferentes, assim com a minha identidade, que eu estou que eu estou criando ainda.  Mas que tem ritmos diferentes que as pessoas não estão acostumadas ainda, que eu pretendo lançar, mas atualmente o pagodão é o que está mais forte assim, na minha identidade, o pagodão eletrônico.

Temos visto um movimento no Pagode agora, acho que muito diferente do que tínhamos visto antes, pelo menos nessa vertente mais pop, de ver outros artistas utilizando o gênero, até de fora da própria Bahia. Eu queria que você comentasse o que acha desse movimento? É interessante para o gênero? Acha que que falta alguma coisa?

Então, eu acho que na verdade, o pagodão, ele é tão potente quando quanto o funk, por exemplo. Então, eu acho que o que falta é as pessoas olharem para cá com essa visão. Tirar essa visão regional das coisas.

O pagodão, ele tá ganhando uma força neste momento, assim, esse pagodão mais pop, que a gente fala. O pagodão mais convencional que a gente tá acostumado a ouvir, as pessoas lá fora chamam de axé. Então as pessoas não entendem ainda qual é o nosso ritmo. Não sei se isso tem uma responsabilidade das pessoas que levaram o pagodão para o resto do Brasil, né? Não defenderam esse nome Pagodão, essa identidade. E agora a galera que está vindo, agora, tá defendendo isso. Está falando, a gente fala mesmo, “É pagodão! O que a gente faz é pagodão!”

Clipe da música ‘Atrevida’, parceria da cantora com O Poeta, um dos maiores nomes do pagodão/pagofunk na atualidade:

Tem muita gente colocando pagodão nas músicas, de diversas formas, você vê o pagodão em músicas de MPB, você vê o pagodão no trap, você o pagodão na forma mais pura. Então, o pagodão, ele está se reinventando agora nesse momento.

Acho que tá num momento muito bom, onde as pessoas estão descobrindo a potência desse ritmo que é muito característico daqui da Bahia. A gente tem uma mina de ouro nas mãos, assim. Falando na questão não de valor, de dinheiro, mas que é uma potência. Eu acho que tem tudo para ganhar o mundo.

 Assim, pagodão saiu numa música, através do Àttoooxxá com Cardi B e Anitta, né?  E depois disso você vê os lançamentozinhos, assim, aleatórios no resto do Brasil, as pessoas colocando ali uma pitada de pagodão. Então está começando a reverberar isso mais, lá fora. Mas aqui, a galera tá começando a explorar bastante e reconhecer essa potência.

Como aconteceu esse encontro com o Pagodão nas suas músicas?

Foi de forma muito natural. A primeira música (lançada) foi Só Vem, que era uma pegada mais reggaeton, que estava estourado na época. Anitta, ela trouxe novamente esse movimento brasileiro, que me fez lançar essa música em reggaeton, que foi Só Vem.

Só que aí já na minha segunda música, eu senti que faltava uma identidade, porque o pagodão é nossa identidade, né? É como Rio, a galera do Rio tem um funk com uma identidade, a gente aqui, a gente tem a nossa identidade, então porque a gente não explorar isso? Então foi por conta disso, de querer colocar uma identidade no meu trabalho, por conta do movimento que eu estava vendo crescer ao meu redor.

O Àttoooxxá tava em ascensão, o Baiana System e outros cantores também estavam adicionando o pagodão já em ritmos diferentes, então falei “Opa, eu vou ficar de olho nesse movimento aqui, talvez, como não tem muita gente explorando ainda, acho que é uma chance. De fortalecer também o movimento, porque quanto mais pessoas fizerem, mais isso vai reverberar para todos os cantos”. Então foi isso, foi uma coisa natural também.

Sobre o seu lado de compositora, você compõe todas as suas músicas? Já compôs para outros artistas?

Sim, todas as músicas que eu lancei até hoje foram composições minhas. Os feats (participações) que eu participei tiveram composições, exceto a música com o Àttoooxxá  do LUVBOX (Albúm da banda), que é o nome da música é Eu Juro, o Raoni que compôs a música e me convidou para participar, mas fora isso todas as músicas que eu lancei… Eu comecei a compor, então….

Porque a composição é questão de prática, assim, no início eu tinha muita dificuldade, mas eu fui tomando gosto, tenho muita música para lançar.

Tô compondo pra outros artistas, não tem nenhuma lançada no momento. Na verdade, tem uma lançada, que foi uma que eu fiz junto com Nininha Problemática, foi uma colaboração, na verdade, que ela lançou através dela. Mas tem muitos artistas incríveis que vão lançar músicas minhas, eu espero que logo. Eu tô explorando bastante esse meu lado, eu gosto de escrever.

Apesar de que na pandemia tá sendo um pouco difícil, né? Por conta desse contexto, e a gente que trabalha com isso, implica muito na nossa criatividade, a gente precisa de inspiração. Então o contexto, ele influencia muito na criatividade, então tem sido um pouco dificultoso pra mim. Mas tem muita coisa aí pra sair, de novidade, composições que já estavam na gaveta, de coisas que eu consegui compor, pouco, mas consegui na pandemia.

A composição é uma parte importante do seu processo? Você se vê cantando só composições suas? Ou está aberta também a cantar letras de outras pessoas?

 Velho… eu sou um pouquinho chata com isso. Volta e meia alguém me procura… Agora há pouco, conversei com uma pessoa, ela queria me mostrar umas letras, só que eu, eu sinto que eu ainda tô no processo de cantar o que eu vivo, assim. Eu gosto de cantar minha verdade, fazer minha coisa, minha música com a minha cara mesmo, com as minhas gírias, que eu falo no dia a dia.

Mas a pandemia me fez parar pra repensar um pouco, porque talvez eu chegue num momento da minha carreira que eu precise compor rápido. Eu já percebi que se eu me forçar a isso, eu não consigo. Então, uma pessoa de fora seria bem-vinda.

Eu já falei com algumas pessoas que eu admiro o trabalho de composição pra gente tentar fazer uma colaboração, da pessoa me mandar alguma coisa. Ainda não aconteceu, mas eu estou aberta, né? Mas a preferência é que eu cante o que vem de mim assim, sabe? Eu gosto de cantar o que vem de dentro de mim, eu prefiro. Mas quando bate o bloqueio criativo dá pra repensar sim.

 Você tem planos de lançar um álbum? EP? Ainda está nesse processo dos singles?

Então, eu não posso aprofundar o assunto, mas eu quero muito lançar um álbum. Acho que todo cantor tem esse momento da carreira, na verdade eu sempre tive, desde o início, essa vontade de lançar um álbum, pra mostrar o meu lado mais diverso. 

Às vezes eu sinto que as pessoas me colocam só em uma caixinha, mas eu tenho muita coisa para mostrar.

Só que o álbum é uma coisa que é um processo, demora um pouco, tem a questão da construção de uma identidade, eu não quero fazer uma coisa de qualquer jeito. Então não vai ser por agora, mas um EP, existe uma possibilidade, a gente está vendo aí. Porque tem que ter uma estratégia, ainda mais agora nesse momento que a gente tá, né? Não dá para desperdiçar lançamento.

Tem trabalho meu que já está pronto, já tem clipe pronto, só que a gente tá esperando o melhor momento.

Toda hora uma notícia ruim, toda hora, um negócio… E a música que eu faço, que eu costumo fazer, até então, é uma música que é mais dançante, mais pra frente, assim. Apesar de ter outras músicas, que mostram um outro lado meu, que a gente está planejando lançar, só que ainda não é o melhor momento.

Então tem muita coisa para sair, só que a gente só depende do Brasil pra botar na rua. Do Brasil e do dinheiro também, né? Porque é um gasto lançar essas coisas, como eu sou artista independente…

Me fala mais sobre sua experiência como artista independente, principalmente nesse contexto que a gente está agora…

 Acho que a maior questão do artista independente é a grana né? Eu sou artista independente, eu tenho um empresário, só que é um empresário que, tipo assim, ele é muito importante na minha carreira, só que a gente não tem grana. É a grana que movimenta mesmo, não tem jeito, quando você tem uma gravadora, né? Colada ali com você, os acessos são mais fáceis. Mas a gente tá trabalhando, não deixa de ser também uma ajuda muito grande eu ter um produtor do meu lado ali, me levando e colocando em alguns acessos.

Quem é meu empresário é Alex Pinto, ele é sócio do Àttoooxxá, eu conheci ele através dos meninos do Àttoooxxá, e ele me viu cantar, fazer uma participação com os meninos e me chamou para trabalhar com ele. Hoje eu faço parte da ISÉ, que é o selo musical dele, e quando ele entrou na minha carreira deu uma guinada, assim. Ele já foi empresário do Baiana System, então é uma pessoa que tem um nome no mercado e me ajuda muito.

Mas a grana ainda é a questão, né? pra todo artista independente. Mas a gente tem um aliado muito grande que é a internet. Só que mesmo assim a gente encontra umas dificuldades pra levar a música para outros públicos. Ainda mais agora na pandemia com a falta de shows, porque o show também era uma ferramenta muito importante nessa divulgação do trabalho, mas as coisasestão voltando, eu espero que em breve, com segurança para a gente voltar à ativa.

Ainda em relação aos lançamentos com a pandemia… Você falou que isso mudou um pouquinho seu cronograma…

 Sim, sim atingiu bastante. Na verdade, a pandemia me pegou muito de surpresa, né? Pegou todo mundo de surpresa. Eu estava vindo num ritmo muito bacana, eu tive um carnaval muito incrível, eu fiz participações muito importantes, eu cantei com Pabllo Vittar e Psirico. Fiz um lançamento com Àttoooxxá e Yan Cloud, Aquele Swing, que a galera recebeu muito bem, então eu estava vendo um ritmo muito bom. As nossas expectativas para 2020 eram muito altas em relação ao crescimentodo trabalho. 

Mas aí, a pandemia, a gente teve que parar tudo, e repensar algumas coisas… Mas, enfim, a gente continuo trabalhando. Mesmo assim, na pandemia, eu consegui fazer uns lançamentos interessantes, lancei a música com O Poeta, com A Dama do Pagode, que eu tinha tido um contato também no Carnaval que a gente cantou juntas, ela me convidou. Todo esse contato que eu fiz no Carnaval me ajudou muito na pandemia, a criar essas relações, essas conexões, e mesmo na pandemia a gente conseguiu fazer trabalhos muito interessantes também.

Fiz um lançamento em homenagem a Timbalada, a gente regravou Margarida Perfumada, em comemoração aos 30 anos… Então a gente trabalhou, a gente tá trabalhando bastante, até. Então, imagina se não tivesse pandemia? Eu paro, me pego pensando assim, imagina se não tivesse pandemia, mas enfim, tudo no seu tempo, né?

 Você falou do Carnaval, aqui nós temos uma cultura forte das músicas de Carnaval. Acho que tem até um tempo que tem algumas pessoas que nem são da Bahia, mas que estão fazendo sucesso no Carnaval de Salvador. Você tem um plano de lançar uma música com esse foco?

Acho que inconscientemente, o baiano, ele já tem isso assim na cabeça, ainda mais eu que faço esse tipo de música que é mais para se divertir, pra dançar, enfim… Quando vai chegando no verão a gente sempre pensa, “poxa…” A gente sempre guarda uma cartinha na manga, né? “Poxa, essa música aqui é a cara do verão, vou dar uma guardada nela”. Então, consequentemente, já pensando também no Carnaval, né? Que pode reverberar no Carnaval, mas todo mundo tem isso.

Foi assim com Aquele Swing, a gente tava guardando ela pro verão. A gente tem música, que a gente pensa que é mais, que encaixa melhor em determinado período do ano. Músicas que são mais calmas, assim, mais sexys, digamos assim, a gente às vezes prefere um lançar naquele período ali de junho, a época do Dia dos Namorados, enfim. Acho que inconscientemente a gente já planeja isso, acho que todo artista tem isso, acho que é bem natural, mas sim, têm muitas cartas na manga…

E em relação a essas parcerias? Você comentou algumas que você já fez, tem A Dama, Yan Cloud, Nininha Problemática, O Poeta…  Tem alguma que você ainda não realizou? Mas que tenha vontade de fazer, daqui de Salvador ou de fora?

Muitas! Muitas! Daqui de Salvador, tenho muita vontade de fazer com Márcio Victor do Psirico, a gente tem um contato, eu cantei com ele,  a gente troca as vezes algumas mensagens. Já fui em festa na casa dele, antes da pandemia, enfim… A gente tem já uma conexão, só que aí, é meio que não  tem a música ainda, né? 

Porque eu fico com medo de botar qualquer música, então tem gente que eu já tenho um contato, só que eu fico esperando o melhor momento, a melhor música vir, pra fazer um convite e tal.

E aí, nossa tem muita gente que eu tenho vontade de fazer, já falei em algumas entrevistas, tenho muita vontade de fazer com Péricles, que é um ídolo, um grande ídolo meu, que é do samba e eu tenho muita vontade, mas jogar pra universo aí, que vai rolar. Gloria Groove também. Tenho muita vontade de fazer alguma coisa com a Glória.

É já vi que ela é muito fã da sua música com Nininha, ela sempre tá ouvindo… ‘Que Calor’, não é? 

Sim, é muito incrível, muito incrível ela. Já tive oportunidade de conhecer pessoalmente também, uma pessoa incrível. Mas também a mesma coisa com o Márcio, assim. A gente tem aquele contato, só que eu fico aguardando, sabe? Quando surgir alguma ideia bacana, aí eu apresento e quem sabe…

E você tem alguma novidade, que possa dar algum spoiler, um pouquinho, alguma coisa que esteja próxima?

Bom, uma coisa que está próxima, que é inclusive o que eu falei, que já tem até um clipe pronto, que é uma música com Tchelinho do Heavy Baile, que a gente tá guardando aí pra lançar. Eu acho que possa ser o próximo lançamento, a gente tá analisando direitinho, mas já está tudo pronto.

Tem um debate interessante sobre as mulheres no pagode, que a gente vê um crescimento grande hoje, uma mudança nesse cenário. Como é que você enxerga isso?

Então, quando eu comecei a cantar, né? E cantar especificamente músicas que tinham influência do pagodão, eu comecei a conhecer outras mulheres também, que já cantavam pagode há muito tempo, só que nunca tiveram a mesma visibilidade dos homens.

Então, mulher no pagode sempre existiu, só que nunca tiveram a mesma oportunidade, a mesma visibilidade.

A gente via muitas mulheres ali sem ser no front, fazendo backing vocal, ou então dançando. Mas sempre existiu.

Hoje eu acho que as pessoas estão começando a olhar mais assim, que as mulheres estão botando mais a cara, acho que a internet ajuda muito nisso também. A internet ajuda muita coisa, inclusive, que as pessoas conheçam o trabalho dessas mulheres. Têm páginas que focam muito na divulgação do trabalho dessas, como a página Pagode Por Elas (@pagodeporelas no Instagram), que elas tão sempre mostrando ali o trabalho dessas mulheres. Então, eu conheci muitas delas, a gente fez até, recentemente, tinhamos planejado o lançamento de uma música, só que por conta da pandemia atrapalhou tudo. 

Porque a gente ia lançar uma música só com mulheres do pagode, mas esse projeto, com fé em Deus, vai acontecer ainda. Mas tem muitas mulheres aí, gente, na cena, vocês têm que conhecer. Sigam essa página “Pagode Por Elas” que é muito massa velho, tem muita mulher muito massa nessa cena. Acho que já tá melhorando bastante assim a questão da visibilidade para essas mulheres, mas ainda tem muito que melhorar.

Se você ficou curioso e quer conhecer mais o trabalho de Nêssa, preparamos uma playlist especial com todos os sons comentados durante a entrevista e mais, pra você arrastar o sofá e meter dança:

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