O rei Milho nos festejos do São João

Colheita na região Nordeste coincide com as festas juninas

Beatriz Pankará

Bandeirolas e milho são símbolos dos festejos juninos. Foto: Beatriz Pankará

Era uma vez uma jovem chamada Alice Falcão, ela saiu do interior de Pernambuco e foi morar na Bahia para cursar Faculdade, junto dela uma vontade de mudar de vida para ajudar seus pais que já estavam velhinhos. Ao se mudar, não abandonou os seus costumes, muito menos os seus gostos culinários favoritos, a maioria deles relacionado ao milho e seus derivados. Isso mesmo, Alice sempre amou milho.

Certo dia, no meio do São João, Alice queria porque queria fazer mungunzá do mesmo jeitinho que ela comia em Pernambuco mas na Bahia todos comem com o milho branco, então ela mesmo inventou de fazer o seu próprio mugunzá e adivinha? deu muito certo.

Com a ajuda das memórias de quando sua avó mesmo velhinha lhe ensinava, Alice foi fazendo até chegar no sabor, com o milho amarelo, gostinho de leite de coco e muitas memórias contidas ali, ela ficou muito feliz, ofereceu aos seus amigos e todos conheceram o mungunzá lá de Pernambuco.

O milho envolve várias histórias de vida, como a da personagem real que ilustra este texto, Alice Falcão. Foto: Beatriz Pankará

É impossível falar em uma das maiores celebrações aqui no Brasil, sobretudo no nordeste, e não lembrar do amarelinho, que combina com tudo e que agrada tantos paladares. Pamonha, canjica, bolo, milho cozinhado, milho assado na brasa, cuscuz, paçoca, pé de moleque… Mas e você, sabe qual a relação do milho com o São João?

Essa tradição iniciou com os europeus que estavam acostumados a celebrar a colheita dos cereais nos meses correspondentes ao verão: junho, julho e agosto. Nos meses de junho também são comemorados os dias dos Santos, Antônio, Pedro e Paulo. Eles resolveram juntar a colheita com as festividades religiosas, ao chegarem no Brasil eles foram impedidos de continuar a tradição por falta de trigo aqui no Brasil e optaram pelo milho, ingrediente que era cultivado e consumido em abundância pelos indígenas brasileiros.

Os grãos são bastante cultivados pelos indígenas no Brasil, Foto: Beatriz Pankará

No nordeste o melhor momento para cultivar o milho é de abril a maio,  os grãos necessitam de bastante água para o seu crescimento e o período corresponde a chuvas frequentes. O grão do milho contém ferro, potássio, fibras, sais naturais, óleos, açúcares e vitaminas.

O nutricionista Jonathan Braz, 28, que mora em Amargosa, Bahia, contou sobre as características do ingrediente e como é trabalhada a sua versatilidade:

O milho é utilizado de diversas formas na culinária brasileira, há muito tempo, tanto na cultura indígena, quanto na africana e até na portuguesa. Então, ele tem como função ser uma fonte de fibras solúveis quanto insolúveis, sendo essa a maior parte dela e ele também é rico em carboidratos, ou seja, é uma boa fonte de energia para que a pessoa continue mantendo as funções vitais.”

O agricultor Edvandro Paulo Santos Silva, 59, mais conhecido como Vando, cursou agropecuária e cultiva sua plantação na fazenda Monte Alegre, zona rural do município de São Félix, Bahia. Ele relatou como funcionou a produção na sua fazenda: “A produção foi boa, porque o tempo ajudou”. Vando disse ainda que o insumo ficou caro, assim seu lucro foi menor do que era esperado por ele e por outros produtores. Ele cultiva milho e vende aos feirantes, a colheita do milho passa pelo período Junino e se prolonga até setembro. 

E você, consegue escolher só uma comida típica preferida?