Volta às aulas ainda gera discussão e preocupação

Quase dois anos depois do início da pandemia, pais, professores, alunos e psicóloga divergem sobre assunto

Sonilton Santos

A psicóloga Rainan Santana registrou aumento de procura de atendimento de psicologia infantil no período do pandemia (Foto: Acervo Pessoal)

Quase dois anos depois do início dos primeiros casos da Covid-19 no Brasil, o número de mortes está diminuindo, espaços públicos estão sendo abertos, com certas recomendações e algumas escolas buscam voltar a ter às suas rotinas normais de aulas presenciais. No entanto, esse assunto tem gerado uma discussão entre alguns pais, filhos, profissionais da saúde e a mídia que debatem se é seguro as crianças de até 12 anos voltarem para a escola. Com isso, os estudantes tiveram que se adequar a uma nova rotina de ensino remoto.

“Concordo com a volta às aulas, porque as crianças já ficaram muito tempo longe da escola”, disse a cachoeirana Girlane Santos, mãe do Davi Santos, de sete anos. Já para a professora Lavínia Silva, ainda não é hora do retorno das aulas. “Não, porque tem o risco de morte e ela ainda não se vacinou”, ressaltou a mãe de Maria Silva, de 10 anos.

Mas o que as crianças estão achando de tudo isso? Será que eles sentem falta de ir à escola e o que mais eles sentem falta? “Sim, porque eu gosto de brincar com os meus amigos. Das aulas de artes”, comentou o pequeno David. Já Maria Silva tem uma opinião contrária. “Não, porque em casa eu consigo estudar de uma forma menos nociva à minha saúde mental. A interação oscila com algumas pessoas, é mais fácil acessibilidades aos professores”, explicou.

Não é só as crianças que sentem dificuldades durante esse período de aulas remotas, alguns pais também relatam dificuldades de acompanhar os filhos nesse período de aulas on-line. “Estou. A minha maior dificuldade é acompanhar as aulas, porque tenho que fazer outras tarefas também”, contou Girlane. Contudo, para outros a dificuldade não foi tão grande assim. “Tranquilo, pois, sou professora e também estou trabalhando em casa. Complementa, “eu encontrei dificuldade no meu trabalho, pois tive que me inventar como todos os meus colegas”, explicou Lavínia.

No entanto, são as crianças as principais prejudicadas nessa história ou não? Isso por cada caso é um caso. “Sim, até prefiro aulas on-line, porque consigo estudar de forma um pouco mais despojada sem fugir da responsabilidade”, afirmou a cachoeirana Maria Silva. Para o filho Davi Santos, a situação é diferente: “Não, porque às vezes eu não entendo os assuntos”.

Interação social

Para além da discussão entre pais e filhos, quando o assunto é a nova pandemia da Covid-19 é importante também saber o que dizem os profissionais da saúde. Rainan Santana é psicóloga e trabalha na clínica infantil Clinipsic, em Salvador, com crianças há mais de dois anos e conta que a procura aumentou durante a pandemia. “Com o período da pandemia, a demanda pela psicologia infantil vem aumentando. Porém, atendido de cinco a sete crianças por dia”, contou.

Segundo a psicóloga, as principais queixas em relação às crianças são: agressividade, ansiedade, desmotivação, falta de adaptação às atividades remotas escolares. Mas, quando o assunto é o retorno das crianças à sala de aula, Rainan está de acordo. “Eu concordo, a interação social para o desenvolvimento infantil é de extrema importância. Claro que atendendo a todos os cuidados e adotando os protocolos”. A psicóloga ainda ressalta que: “É de extrema importância respeitar os pais que não se sentem confortáveis para permitir que seus filhos voltem ao presencial”.

Depois desses quase dois anos de pandemia, a psicóloga ressalta algumas recomendações para os pais. “Minha principal recomendação para os pais é que se cuidem e cuidem das suas crianças, respeitem os seus limites emocionais, a sua saúde mental. Então, que o nosso atual cenário é passageiro, mesmo que tenha levado um tempo mais do que o esperado e que somos seres mais do que adaptáveis, com flexibilidade para encarar todas as possíveis adversidades que possam aparecer. Seja de maneira autônoma, ou seja, com ajuda profissional”, finalizou Rainan.

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM) anunciou na noite desta sexta-feira (23) que as aulas municipais da capital baiana vão ser totalmente presenciais a partir da próxima segunda-feira (27).  Já a Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA), emitiu uma nota no seu site onde orienta a categoria a manter o ensino híbrido.

 

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