A fé é o que a vida tem de cru e bonito

Segundo a minha avó, a fé é crua porque, para tê-la precisamos passar pelas provações diárias, e bonita porque as provações nos fazem crescer e chegar ao topo do autoconhecimento, do amor, da maturidade e, principalmente, da felicidade plena

Júlia Rodrigues de Lima

Diz o ditado popular que a fé move montanhas, mas qual a melhor maneira de traduzir essa fé? Segundo o dicionário, é um sentimento de crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa.

A fé é um dos mistérios do planeta. É a forma como cada um de nós enxerga a verdade. É a principal perspectiva que usamos para entender os fenômenos do mundo e a nós mesmos. Em hebraico, a palavra fé significa “emuná”. Ou seja, “emunamos” em tudo o que é capaz de nos fazer seguir em frente, de nos tornarmos menos sozinhos, menos frágeis perante a incerteza dos dias.

Seja qual for a sua crença, em um único Deus, em nenhum, ou em vários, no universo, na ciência, na natureza, em orixás, em Buda e até em si. As denominações não importam. Joelhos no chão, suor no rosto, concentração, olhar fixo no horizonte de alguém que enxerga o que ninguém mais vê. Os pés descalços que sobem montanhas, as velas acesas, as danças e cantos que ecoam nos quatro cantos do planeta mostram que os fiéis são mais felizes, vivem mais, conseguem combater doenças e superar adversidades com mais facilidade.

“A fé é o que ela tem de cru e bonito”, e esta frase me recorda a minha avó. Lembro que em uma noite me peguei deitada, debruçada aos choros sem entender o porquê estar passando por tais dificuldades, se eu me considerava uma menina do bem. Afinal, as pessoas sempre dizem que a gente colhe o que planta, mas naquela noite eu questionava todas as minhas crenças, e por não saber onde me agarrar, desconsolada me enchia de porquês. Foi então que a minha avó me disse, que “a fé era crua, crua porque para ter fé precisamos passar pelas provações diárias, e bonita porque as provações nos fazem crescer e chegar ao topo do autoconhecimento, do amor, da maturidade e principalmente da felicidade plena”. Daquela noite em diante me redescobri, e descobri sim que a fé é um dos maiores motivos que me mantém viva, pois é através dela que desencadeei as minhas crenças, que me proporcionam um sentido diário para ir além, garantindo-me força, garra e esperança, esperança nas pessoas, nos próximos dias e principalmente em mim.

Por isso, viva os dias ao invés dos dias viverem em você, e para isso se encontre naquilo que lhe mantém vivo, mas lembre-se, respeite as diferenças, porque do contrário você acaba vivendo de preconceitos, e preconceito nenhum mantém a felicidade no presente. Ciência e cientistas, filosofia e filósofos, religião e religiosos, todos buscam apoio em suas próprias mentes na procura da solução final. Portanto, imaginemos outro mundo. Um mundo onde todos os seus habitantes são felizes. Não há sentimentos inferiores como orgulho, vaidade, ódio; somente virtudes: humildade, fraternidade, caridade, entre outras a favor da vida comum. A crença existe, pois a continuidade eterna e a harmonia da vida seguem sob a regência da felicidade. Esse mundo existe, e no aqui e agora, nessa ou em outras, a nossa alma é o tempo, o maior companheiro dos nossos dias.