A moda sustentável e a volta dos brechós

Moda e sustentabilidade são apostas dos novos brechós para alcançar o público jovem, que busca tendências e preço baixo em suas compras.

Todas as pessoas que curtem comprar por um preço acessível, já se viram entrando num brechó e pechinchando pra achar um preço mais baixo. O segredo dos brechós sempre foi trazer ao seu público a possibilidade de comprar e montar vários looks, sejam eles mais novos ou que foram tendência anteriormente, além de conseguir peças mais únicas por um valor que pode chegar a preços muito menores em relação às lojas.

De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) o crescimento dos brechós chegou a 23% no período de 2013 à 2015. Para Wilsa Sette, coordenadora nacional de projetos do varejo da moda do Sebrae, esse resultado acontece por causa da visão mais sustentável dos novos consumidores: “Acredito que o crescimento do mercado de usados no país seja em função da questão da sustentabilidade, do pós-consumo, do descarte. Tanto de roupas quanto de objetos. Essa consciência ambiental das pessoas também favorece o aumento desse mercado”, diz ela.

A busca por hábitos mais sustentáveis é um aliado importante pra quem compra e quem vende nos brechós. Abrir a mente para a criatividade e combinar looks reaproveitando peças antigas com as peças garimpadas é a chave para renovar o guarda roupas sem gastar muito e reciclando, mantendo assim um visual único e inovador e uma postura mais consciente.

Mateus
Mateus A. / @aquinobrecho

Além das lojas físicas, pessoas comuns começaram a divulgar suas roupas em sites de redes sociais como Instagram e Facebook, como é o caso do blogueiro e fotógrafo Mateus Aquino, de Salvador, que começou sua loja na rede social por causa de sua praticidade e por sentir que a visibilidade é maior. Por gostar de moda e preço baixo ele resolveu criar um perfil. “Bom, eu resolvi fazer o brechó primeiramente por falta de grana e juntei com o fato de amar garimpar em lugares que vendam roupa boa e barata. Eu, desde o ano passado, que estou completamente viciado em bazares e brechó, e muita gente me perguntava como consigo peças legais e tão baratas e então eu tive a ideia de criar o meu próprio brechó”, conta ele.

Rodrigo
Rodrigo Santtos

Esses novos brechós são lojas online que possuem uma pegada mais alternativa e voltada pros jovens, com opções mais despojadas que vão desde roupas mais caras até o fast fashion das lojas de departamento. Essas roupas misturam tendências da cultura pop, anos 90 e a atual. O vlogger Digo Santtos compra nos brechós e está sempre garimpando roupas: “Eu amo comprar, é bacana pra montar looks vintage e o custo benefício é super baixo, você compra peças maravilhosas, bem conservadas por 5, 10 reais”.

Luã
Luã Lima / @bossinbrecho

Mas não é só de vendedores novos que os brechós sobrevivem. O produtor de moda Luã Lima, começou a gostar de brechós na infância, quando participava de eventos itinerantes de vendas de roupa e a partir daí começou a escrever sobre moda acessível em um blog. Foi necessário um planejamento de dois anos para o projeto sair do papel, mas ele conta que resolveu levar adiante “no momento em que analisei que meus amigos tanto procuravam e nunca achavam e amigas que tinham coisas demais e queriam dar um fim, mas não sabiam como. Então foi juntando essa ideia de comprar uma coisa acessível que eu aliei isso e decidi criar meu brechó”.

Com toda essa programação e organização, o trabalho não é pequeno. Escolher as peças do acervo pessoal, receber de outras pessoas e lojas, selecionar as roupas e analisar o estado de uso, organizar por etiquetas e além de tudo conseguir um local para o evento é um pouco desgastante, e como ele mesmo diz: “É difícil manter, mas é prazeroso”.

Fazer parte do mundo da moda, não é só estar vestido com as últimas tendências e ter um guarda roupas repleto de peças, é saber se expressar de forma simples, reciclando e renovando o visual, fugindo do consumismo massificado e do padrão descartável.

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