Bastidores da folia: artesão de Maragogipe conta sobre a produção de máscaras

Fotos e Reportagem: Tarcila Santana

O carnaval de Maragogipe – município localizado a 25 km de Cachoeira – ­ ­ é uma festa tradicional, que ocorre há mais de 100 anos e tornou-se famosa pela mistura das tradições europeias, indígenas e africanas, retratadas através das fantasias e máscaras coloridas. Em 2009 foi tombado como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e, a partir disso, passou a ser amplamente divulgado, atraindo cada vez mais turistas e curiosos.

Aliada à popularização e difusão da festa, a produção de máscaras para o carnaval transformou-se em atividade comum entre artesões locais.

 O artista por trás das máscaras

Edmilson Pereira, ou Ed Pereira, de 79 anos, aprendeu a fazer as máscaras com seu irmão, ainda na adolescência. Mas somente há cinco anos dedica-se à confecção delas, para a venda e exposição. Inspirado em revistas e televisão, ele produz peças para uso decorativo ou como acessório de fantasias, com influências dos carnavais europeus e da cultura afro-indígena. Ele explicou que a produção é caseira e coletiva: sua mulher e filhos também participam, nos processos de acabamento. Além desse trabalho, ele também faz esculturas com raízes mortas das plantas de manguezal.

Ed já expôs suas máscaras na Casa da Cultura de Maragogipe e em alguns espaços em Salvador, como o Pelourinho e Instituto Mauá. Seu trabalho foi mostrado pela revista Floreal do Recôncavo, de Cachoeira, que produziu um impresso sobre o carnaval de Maragogipe.

A paixão, apesar dos pesares

O fomento e divulgação da folia momesca aumentam a visibilidade da cidade durante essa época do ano, o que atrai turistas de várias partes do país e também estrangeiros. Mesmo com essa visibilidade externa, dentro do município as coisas são diferentes.

Quando perguntado sobre a valorização dos artistas plásticos em Maragogipe, ele afirmou que a própria população já nem se importa tanto com seu trabalho.  Edmilson chegou a montar um pequeno ateliê na cidade, mas nunca recebeu visita dos moradores. Hoje ele expõe as máscaras na frente da sua casa, durante o período de carnaval.

 

Embora isso ocorra, Edmilson garantiu que não se sente frustrado e orgulha-se muito do trabalho. Segundo ele, o artesanato é “uma higiene mental, uma terapia sem preço”.  Além disso, reconheceu a necessidade de manter as tradições e seu próprio papel nessa preservação.

Além contar um pouco sobre sua arte, ele ainda explicou rapidamente como é a dinâmica da brincadeira com as máscaras do carnaval de Maragogipe.

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