Congresso do Povo quer debater projeto de país e saídas para crise na Bahia

 

Lançamento nacional do Congresso do Povo realizado em Guararema (SP), em novembro de 2017 (Foto: Comunicação Frente Brasil Popular)

Por Lorena Carneiro

“Todo mundo que vier pra mim é pouco pra fazermos o Brasil onde quem manda é o nosso povo. Todo mundo que vier pra mim é pouco, pra mudarmos o país só com o Congresso do Povo.” A paródia do forró de Luís Gonzaga, apresentada na abertura do Seminário Regional do Congresso do Povo em Feira de Santana, realizado dia 19 de maio, na Universidade Estadual de Feira de Santana, dá o tom sobre os objetivos do Congresso do Povo Brasileiro. O projeto é formulado pela Frente Brasil Popular, frente unitária de organizações políticas que reúne cerca de 80 entidades, entre partidos, movimentos sociais e sindicais. Segundo os organizadores, é uma proposta de mobilização e organização dos trabalhadores nas suas mais diversas comunidades para identificar saídas para a crise e fortalecer a resistência popular frente ao governo golpista.

A proposta do Congresso é que sejam realizados debates em vários territórios para provocar a população a refletir sobre os problemas sociais existentes no seu dia a dia e possíveis saídas para essas questões. “A partir das discussões em cada comunidade, será feito um Congresso do Povo Municipal, que construirá uma plataforma de reivindicações locais, seguido de uma etapa estadual e, por fim, a etapa nacional do Congresso do Povo Brasileiro, que pretende reunir dezenas de milhares de pessoas”, explica Pablo Bandeira, da secretaria da Frente Brasil Popular de Feira de Santana.  Lua Marina Moreira, militante da Consulta Popular e representante da Frente Brasil Popular da Bahia, destaca o papel político desse projeto: “O Congresso do Povo é um importante instrumento pedagógico para debater com a população os problemas que eles vivenciam na sua realidade. No atual momento político, é fundamental que a gente consiga envolver todo o povo brasileiro na formulação de um projeto popular de país”.

“É preciso ir onde o povo está”

Seminário Regional do Congresso do Povo mobilizou participantes de quatro territórios baianos (Foto: Vaninha Cunha)

O Seminário Regional, realizado em Feira de Santana, cumpriu o objetivo de reunir cerca de 80 representantes de organizações e movimentos de quatro territórios da região – Sisal, Bacia do Jacuípe, Recôncavo e Portal do Sertão – para debater e planejar o processo de realização do Congresso do Povo nos municípios da região. Pablo Bandeira destaca a importância desse evento: “Após um seminário de formação estadual, a realização desse evento é um grande salto de qualidade na multiplicação do Congresso do Povo na nossa região. Agora, nossa expectativa é manter essa articulação e fazer o acompanhamento para que o planejamento tirado aqui consiga ser bem-sucedido”. Feira de Santana é um dos principais municípios para realização do Congresso: “Em Feira queremos construir um amplo processo de envolvimento da população nos bairros da periferia, a partir de igrejas, associações, movimentos culturais, para que as pessoas sintam a importância de construir esse processo coletivo de refletir sobre os problemas que vivem. É preciso ir onde o povo está”, salienta Pablo.

Vandalva Oliveira, do Movimento de Organização Comunitária (MOC), destaca também a importância do envolvimento das comunidades rurais nesse processo: “Para o MOC, a mobilização das pessoas e grupos em torno do Congresso do Povo é parte da sua missão, sobretudo quando se trata das comunidades rurais.  O Congresso do Povo é na caminhada do MOC um momento imprescindível para fomentar essa consciência, de modo que seja ampliada a fileira de mulheres e homens corresponsáveis pela construção de um país justo”.

A juventude também é um dos setores mais prioritários da população para a multiplicação dos debates acerca do Congresso do Povo. “Os jovens têm sido um dos principais alvos do golpe, seja pelo congelamento dos investimentos na educação, do genocídios da juventude negra, enfim. É preciso construir nos jovens o sentimento que debater política é bom, e isso pode ser feito com a nossa cara, com a nossa identidade. Por isso, queremos construir Brigadas de Agitação e Propaganda para levar aos bairros a proposta do Congresso a partir do teatro, da música, batucada e cordel, por exemplo”, afirma José Brito, do Levante Popular da Juventude. As redes sociais também são uma importante aliada nesse processo. “Nas redes conseguimos dar a noção de que o Congresso do Povo está sendo construído em todos os cantos do país, e isso anima, estimula as pessoas. Através de vídeos, memes, queremos também dialogar com as pessoas e despertar o interesse para que elas participem desse projeto”, enfatiza José Brito.

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