Cursinho em Cruz das Almas prepara alunos para vestibular

O ‘cursinho do povo’ prepara estudantes revendo conteúdos aprendidos ao longo da vida escolar, além de trazer assuntos atuais de forma dinâmica para uma melhor aprendizagem

A sensação de obrigatoriedade de passar no vestibular está aumentando cada vez mais entre jovens que estão terminando ou já terminaram o ensino médio. Torna-se ainda mais complicado, quando esses candidatos a calouros universitários são estudantes secundaristas de baixa renda e a justificativa é bem simples: muitas vezes eles precisam dividir o tempo que seria dedicado aos estudos com atividades para complementar a renda familiar.

Em Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano, um grupo de jovens se matricularam em um cursinho gratuito oferecido pela prefeitura municipal em busca de mais conhecimento e sucesso nos vestibulares. Desde 2011, os estudantes da rede pública de ensino, têm a sua disposição aulas que acontecem na Escola Municipal Virgildásio Sena, de segunda a sexta-feira das 19h às 22h que são ofertadas pela Secretaria de Educação do município.

Neste ano, 280 estudantes se inscreveram para participar do ‘Cursinho do Povo’, porém apenas 200 foram contemplados e 80 ficaram como suplentes. Marcio de Souza já tem uma identificação por ter sido professor do pré-vestibular em 2010 e 2016, agora retorna como coordenador.

Após trabalhar por dois anos, Márcio foi indicado como coordenador.

Método das aulas

Para o coordenador o curso “tem aulas dinâmicas, interdisciplinares com o uso de aparatos tecnológicos, áudio, vídeos. É aberto para todos que desejam se preparar para o Enem ou vestibular em faculdades privadas. O objetivo é atender aqueles que não têm condições de se manter em um curso pré-vestibular privado”.

Ouça na íntegra a fala do coordenador.

Evasão

Um dos maiores problemas do cursinho público de Cruz das Almas é a evasão dos alunos. Segundo o coordenador, no ano de 2016, as aulas começaram em março com 200 alunos e terminaram com 127. Isso aconteceu, devido ao recesso junino, alguns alunos acabaram abandonando o curso.

Outro ponto a ser observado é o formato do pré-vestibular, pois é o mesmo formato que as aulas convencionais e, como os estudantes já estão cansados da intensidade das escolas, isso se torna um fator de desestimulo.

Acompanhamento psicológico

O atendimento é um tipo ação que se dar de forma direta ou indireta e tem como objetivo proporcionar maior qualidade de permanência aos estudantes, como também os auxiliando no enfrentamento de dificuldades vivenciadas individual ou até mesmo coletivamente.

A professora Emademe Ferreira está trabalhando no município como pedagoga, e por ter desenvoltura com o assunto, sempre ajuda os alunos trabalhando o lado vocacional, preparando-os para o momento do exame e mostrando que há espaço para todos no âmbito universitário.

Proximidade com universidades

O ‘Cursinho do Povo’ tem proximidade com universidades do Recôncavo, tais como a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e a Faculdade Maria Milza (Famam), onde alguns professores que lecionam nessas instituições também dão aulas no cursinho.

Uma palestra inicial foi uma das formas de colaborar com o cursinho, que foi realizada no dia 3 de abril, pelo pessoal da Famam. Nessa palestra os alunos foram alertados sobre os novos métodos do processo seletivo da Enem.

A UFRB também abre as portas para receber os alunos através do projeto desenvolvido pela professora Darcilucia Oliveira, que está desenvolvendo o projeto dos solos, e planeja levar os alunos ao campus para uma experiência. O professor Leandro Ribeiro, que ensina Biologia, está trabalhando com o mesmo objetivo, sempre com intuito de levar os alunos a ter um contanto antecipado e perceber o que é a universidade, promovendo estimulo.

Tanto a Famam quanto o URFB demonstram interesse em ter os alunos do cursinho estudando na instituição por meio dessas cooperações. Essa forma de diálogo e solicitude faz com que os alunos se sintam mais confiantes na atividade estudantil que estão desenvolvendo, assim sendo uma estratégia para barrar os números de evasão. A ideia é fazer com que os alunos consigam ingressar em universidades e faculdades da região.

Aulas do cursinho

A professora Priscila prioriza a dinamização das aulas.

Tornar as aulas mais atrativas é uma alternativas essencial para evitar a evasão dos jovens. A aproximação do professor com o aluno em sala de aula também traz benefícios, adquiridos por meio de  conversas, bate-papos e, principalmente, com a amizade. Facilitando  o aprendizado em todas as áreas, tanto cognitivas, quanto não-cognitivas, como a criatividade e desenvoltura . Essa forma de ensino é uma das táticas utilizadas pela professora de literatura e gramática, Priscila Gomes, “o cursinho é bem diferente do que trabalhar com ensino médio, pois é preciso uma dinâmica muito maior para entreter os alunos, pois alguns alunos que estão em sala veem do trabalho e estão cansados, então é importante dinamizar bem a aula”.

As provas das edições anteriores do Enem são utilizadas em sala de aula como material didático para que os alunos tenham uma noção básica do que é cobrado no exame. Trabalhar com textos ligados a atualidade é mais uma forma de diversificação. Contextualização e interdisciplinaridade é o meio de trabalhar com disciplinas correlacionadas para que os alunos tenham uma visão de mundo e do conteúdo. Trabalhar apenas com normas, gramática normativa ou escolas literárias, segundo a professora Priscila Gomes não tem tanta relevância para os alunos.

A aluna Bárbara Souza, de 18 anos, conta sobre sua motivação para participar do cursinho. Ela aprende novos assuntos que não havia visto no Ensino Médio, além de revisar conteúdos já vistos. Algo que chama sua atenção é o método de ensino dos professores, que facilita o aprendizado. 

Ouça a fala da aluna.

Para participar do cursinho, o jovem deve ir até a sede das aulas localizada na Escola Municipal Vigildásio Sena, na avenida Juracy Magalhães, no bairro Ana Lúcia.

O problema não é a questão de recursos, e sim que alguns alunos que já estão um tempo sem estudar e não conseguem acompanhar o ritmo, como também alunos que já estão em estágio avançado têm que saber mediar os estudos, ambas as partes devem saber dosar, para não desestimular.

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