Ensaio fotográfico para dossiê Reverso registra Festa da Boa Morte 2023

Imagens mostram força da Irmandade da Boa Morte nas lutas históricas e conquistas por direitos na Bahia e no mundo.

Por Klêisila Carneiro (texto e fotos).

A Irmandade da Boa Morte é a representação da força e resistência da mulher negra no Brasil. Foi fundada em Salvador, em 1810, ainda no período da escravidão. Durante esse período a irmandade sofreu numerosas perseguições que provocaram a migração de integrantes para várias localidades do interior da Bahia, entre elas, Cachoeira. A partir do Recôncavo Baiano, a Irmandade se tornou ainda mais conhecida na Bahia e no mundo. 

A festa da Boa Morte é o evento religioso e cultural que acontece entre os dias 13 e 17 de agosto na cidade de Cachoeira. O festejo em homenagem a Nossa Senhora da Boa Morte relaciona-se com as celebrações realizadas em Portugal para Nossa Senhora D’Agosto. Em Salvador, havia uma devoção por Nossa Senhora da Boa Morte, celebrada na Igreja da Barroquinha, até a década de 1820. 

A fraternidade tinha o interesse de trabalhar para conseguir a própria alforria e a dos irmãos escravizados. De acordo com o dossiê da salvaguarda de registro e salvaguarda da Festa da Boa Morte como Patrimônio Imaterial da Bahia, realizado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), a Irmandade de Cachoeira é formada por mulheres negras, com mais de 40 anos, e está intrinsecamente ligada à vida e à morte. Os símbolos do cajado, tocha e brasão, as indumentárias, comidas e rituais fazem menção à passagem do Aiyê (mundo físico) ao Orum (mundo espiritual).

A devoção se originou ainda no período colonial, quando as mulheres negras oravam e lutavam pela liberdade e abolição da escravidão. A celebração também se dava como um rito de passagem quando algum irmão morria, pois para os povos vitimados pela escravidão, a morte poderia significar a liberdade plena do corpo e da alma. 

A festa da Boa Morte é um evento matriarcal, onde as mulheres da irmandade são protagonistas. A irmandade é um coletivo ancestral. Os aprendizados e a devoção são repassados dos mais velhos para as crianças. Assim, a memória da irmandade se mantém viva e presente.

Concentração das irmãs na sede da Boa Morte momentos antes do cortejo
Uma trajetória visual à Irmandade da Boa Morte: mantendo a tradição e fé em destaque
A força e o poder da Irmandade da Boa Morte
A elegância e a devoção da Irmandade da Boa Morte pelas lentes da câmera fotográfica
O aspecto da beleza e a religiosidade da Irmandade da Boa Morte
A força e a determinação das mulheres negras na festa da Boa Morte
Poder, tradição e empoderamento na festa da Boa Morte: as mulheres negras no centro
A festa da Boa Morte e a importância do protagonismo da mulher negra na cultura brasileira
Honrando as ancestrais: o papel essencial da mulher na festa da Boa Morte
A riqueza cultural da festa da Boa Morte e o empoderamento da mulher negra
Beleza negra e resistência no ensaio fotográfico da festa da Boa Morte
Herança e a luta feminina na festa da Boa Morte, em Cachoeira
Irmãs da Boa Morte transbordam alegria e leveza