O futebol amador do Recôncavo é para se reconhecer

O futebol do interior também tem seu valor.

Estádio lotado, buzina na mão de torcedores vestidos com a camisa do seu time, charangas tocando, papel picado voando… Poderia ser um jogo de Copa do Mundo, mas não, pelo menos oficialmente. O estádio Municipal Antônio Carlos Magalhães, em Santo Amaro, na Bahia, foi palco da 61ª final do campeonato intermunicipal de futebol amador da Bahia, disputado no dia 6 de dezembro de 2015.

Seis meses após a grande final da edição 2015, os olhos do publico já se voltam à edição 2016 que está perto do início. No final do mês de julho haverá um evento divulgando a tabela, regulamento e homenageados do ano, em dia ainda não confirmado.

Disputado desde 1946 (entre 1948 e 1956 não houve o torneio), o campeonato anima as cidades no interior do estado baiano no segundo semestre, já que o primeiro é destinado ao Campeonato Baiano profissional de futebol. Serão 70 equipes e mais de 1500 jogadores inscritos. As seleções de Dom Basílio e São Miguel das Matas serão estreantes em 2016.

Embora seja um campeonato amador, é um grande celeiro de craques e vários jogadores que se hoje são mundialmente conhecidos e jogaram nos melhores e mais modernos estádios do mundo, começaram suas trajetórias no intermunicipal baiano. Conheça alguns deles:

Liedson: Brasileiro naturalizado português, Liedson da Silva Muniz, foi campeão paulista (2003); campeão brasileiro (2011); campeão da Copa Libertadores da América (2012); bicampeão da Taça de Portugal (2006-2007/2007-2008) e campeão português (20012-2013). Jogou em clubes como Corinthians, Flamengo, Coritiba, Sporting Clube de Portugal, Porto (Portugal), além da seleção Portuguesa. Atualmente se aposentou do futebol.  Começou na seleção de Valença.

(Embora natural do Brasil, Liedson fez sua história pela seleção portuguesa. Foto/Getty Imagens)
Embora natural do Brasil, Liedson fez sua história pela seleção portuguesa. Foto/Getty Imagens

Edilson: atualmente com 45 anos, Edilson Capetinha, como é mais conhecido, foi 3 vezes campeão brasileiro (93, 98, 99); 3 vezes campeão paulista (93,94,99); campeão carioca (2001); campeão baiano (2004); campeão mundial de clubes (2000); campeão mundial de seleções (2002); entre outros títulos. Ídolo no Corinthians, com passagens em Palmeiras, Flamengo, Bahia, Vitória, Cruzeiro, Benfica (Portugal), Al Ain (Emirados Arabes), São Caetano, Vasco e outros. Edilson começou no futebol atuando pela seleção da cidade de Castro Alves.

(Com passagem em diversos clubes, Edilson Capetinha brilhou no Corinthians. Foto: Marcos Mendes)
Com passagem em diversos clubes, Edilson Capetinha brilhou no Corinthians. Foto: Marcos Mendes

Júnior: Jenilson Angelo de Souza, o Junior, é um ex-lateral esquerdo com passagens em times como: Vitória, Palmeiras, Parma (Itália), Siena (Itália), São Paulo, Atlético Mineiro e Goiás, além de ter 22 jogos pela seleção brasileira de futebol. Conquistou diversos títulos como profissional, entre os mais importantes, duas Copas Libertadores da América (99/2005), dois campeonatos paulistas (96/2005), 3 Campeonatos Brasileiros (2006/2007/2008), um Mundial de Clubes (2005) e uma Copa do Mundo de Seleções (2002). Junior começou atuando pela seleção de sua cidade natal, Santo Antonio de Jesus.

(Antes de ser campeão do mundo pelo São Paulo e pela seleção brasileira, Junior brilhou no intermunicipal. Foto: Fernando Santos)
Antes de ser campeão do mundo pelo São Paulo e pela seleção brasileira, Junior brilhou
no intermunicipal. Foto: Fernando Santos

Júnior Baiano: O zagueiro com atualmente 46 anos é ídolo e multi campeão no Flamengo, além de ter passagens por São Paulo, Palmeiras, Vasco e seleção Brasileira. Entre outros títulos, conta com 2 Brasileiros (92/2000), uma Libertadores (1999) e uma Copa das Confederações (1997). Seu inicio no futebol foi atuando pela seleção da cidade de Poções.

(Apesar de ser conhecido pelo jeito sério ao jogar futebol, Junior Baiano deu várias alegrias as mais diversas torcidas brasileiras, atuando por clubes e seleção. FOTO: AFP)
Apesar de ser conhecido pelo jeito sério ao jogar futebol, Junior Baiano deu várias alegrias as mais diversas torcidas brasileiras, atuando por clubes e seleção. FOTO: AFP

Liga unida pelo esporte cachoeirano

Liga é sinônimo de aliança, união, pacto ou sociedade. Algumas para o bem e outras para o mal. Geralmente são pessoas que se juntam para colocar em prática algum propósito. A Liga Cachoeirana de Desportos, fundada em 23 de maio de 1947 e sem fins lucrativos, também tem o seu, que é de organizar o campeonato cachoeirano de futebol amador e a seleção da cidade visando o intermunicipal.

Sobre o Campeonato Cachoeirano de Futebol, seu principal objetivo, além de entreter, é revelar novos jogadores. O vice-presidente da Liga, Sergio Porto, explica que já no regulamento do torneio já é pensado em incentivar a revelação de novos atletas, além do papel social que a mesma tem.

– Cada time tem que inscrever no mínimo três jogadores da cidade e com menos de 17 anos para poder participar. Esse é um evento que revela atletas, trás entretenimento para a população. Temos também o festival de brindes, onde distribuindo dois prêmios por rodada que são sorteados aqui no estádio com os torcedores. A cidade é um seleiro de craques. E entre nossos títulos conquistados, jogadores importantes estiveram aqui, como Liedson, que jogou uma final de campeonato nesse estádio em 1999 e hoje ele já jogou em vários estádios do mundo e jogando inclusive pela seleção portuguesa de futebol. – nos conta com orgulho.

Atualmente 16 equipes são afiliadas a liga: ADM, Amelc, Bangu, Cão de Raça, Vasco, Colônia, Flamenguinho, Iguapense, Internacional, Palmeiras, Real São Francisco, São Caetano, Sport, Toróró, Vasco e Cruzeiro.

Toda liga tem seu QG

 

(A sede do futebol cachoeirano, o estádio 25 de junho.)
A sede do futebol cachoeirano, o estádio 25 de junho. Foto: Thamires Almeida

Uma liga que se preze precisa de um local para realizar suas atividades. O quartel general da Liga Cachoeirana de Desportos é o saudoso estádio 25 de Junho. Lá ocorrem todos os treinamentos das seleções de Cachoeira, tanto a profissional, tanto as categorias de base, além dos jogos do campeonato da cidade e intermunicipal. O terreno do estádio a principio tinha um único dono, mas como ele era um amante de esportes, decidiu cedê-lo ao Fluminense, um clube antigo da cidade. Com isso, o mesmo foi repassado a Liga.

Hoje, é a casa da Seleção Intermunicipal e palco das sete conquistas da mesma no campeonato. Cachoeira é a segunda maior campeã do torneio, ficando apenas atrás da seleção de Itabuna, com oito. O presidente da Liga, Grinaldo da Silva Neto, reforça a importância social do estádio, principalmente para os jovens.

Aquele estádio tem uma grande importância para a população do recôncavo, pois alem de ser um ótimo local para a pratica do esporte, vem contribuindo e muito para que possam oferecer bons caminhos à nossa juventude?”.

A maior lotação que o estádio já suportou foi em 2008, na final do intermunicipal contra a seleção da cidade de Coité. Cerca de 6 mil pessoas ocuparam cada metro quadrado disponível nas arquibancadas. Apesar do enorme apoio dos torcedores, o time da casa, naquela ocasião, acabou perdendo por 2 a 0.

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Estátua em homenagem ao hexa campeonato intermunicipal conquistado pela seleção de Cachoeira. Foto: Jaqueline Suzart

Para Carlos Jorge Rodrigues, o Balainho, técnico da divisão de base sub 17, aquele estádio é de grande importância.

– Alí é a nossa casa, o local aonde vamos disputar nossos jogos. Graças a Deus esse estádio tem pra Cachoeira uma coisa muito significativa, pois nesse estádio já ganhamos 7 títulos.  Esse local é de grande valia, porque inclusive, agora, estamos treinando a seleção sub 17 que irá disputar no próximo mês a Copa Metropolitana, consignada pela Confederação Baiana de Futebol e a SUDESB. – disse

Sergio Porto ressalta que o estádio tem um papel útil na produção de renda para cidade, com os vendedores ambulantes que vendem suas mercadorias conseguindo assim um dinheiro extra.

– Existe o comércio de informais que gera renda para as pessoas humildes que vem aqui vender seus produtos, como cerveja e refrigerante. Aqui além de oferecer alegria á população, traz renda aos trabalhadores e comerciantes ambulantes.

Liga dos Campeões da Europa, Taça Libertadores da América, Mundial Interclubes, times bilionários, jogadores milionários, arenas hiper modernas. Tudo isso faz parte do esporte mais popular do mundo, porém, o futebol amador também consegue mobilizar pessoas. Futebol é paixão, alegria e sentimento. Isso é possível encontrar no Maracanã em uma final de Copa do Mundo. Também é possível encontrar no Estádio 25 de julho, em qualquer partida.

 

 

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