O que rolou no terceiro dia da Festa da Boa Morte?

Com uma câmera na mão e uma pauta em mente, nos enveredamos pelas ruas de Cachoeira durante as comemorações do dia 15 de agosto.

A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é símbolo de resistência de mulheres negras, que organizadas, lutaram para cultuar sua religião, reconquistaram suas liberdades e a de seus semelhantes e hoje celebram as tradições bicentenárias de um festejo que se mostra vivo com uma juventude que se mostra presente a cada ano.

Patrimônio Cultural da Bahia desde 2009, a Festa da Boa Morte é fruto da assimilação de códigos e ritos do candomblé com os do catolicismo. É a religiosidade viva. É o sincretismo na veia. E é sobretudo o Recôncavo, do qual, segundo Bethânia quem não é não pode ser reconvexo.

Foto: Bruno Leite/Reverso

A missa em homenagem a Nossa Senhora da Glória, uma procissão pelas ruas da cidade heroica, a recepção da comunidade pela Irmandade para o tradicional almoço e o samba de roda no Alto da Capela da Ajuda marcaram as festividades do terceiro e principal dia da Festa da Boa Morte.

Neste dia, após a missa, a imagem de Nossa Senhora da Glória seguiu plena ao passo das filarmônicas, que mais pareciam verdadeiras filas harmônicas ecoando suas músicas em alto e bom som entre os casarões e ruas apertadas de pavimento irregular. Ketu, Jeje, Angola, Estados Unidos ou Barbados, estiveram presentes pessoas de diversas nações, tanto do povo de santo quanto do povo do mundo.

Foto: Bruno Leite/Reverso

Os turistas apreciam, os políticos adoram. Com a eleição batendo na porta é claro que alto escalão não ficaria de fora. Um pouco escondidos talvez. Afinal, em tempos de Lava Jato é como se pisassem em ovos, ou melhor: chovessem ovos.

Bendita seja Angela Davis, que pouco tempo antes foi aplaudida no auditório universitário após proferir que “quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Talvez, não tenha sido toda sociedade que se movimentou junto com as irmãs, mas tenha certeza Ângela, Cachoeira sempre se movimentou.

Dos adereços às vestes; do banho de pipoca às obrigações a Boa Morte encanta. Vem com a gente, as imagens falam por si só:

Foto: Bruno Leite/Reverso

 

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