Selfies: Autoexpressão ou transtorno psicológico?

Se autofotografar de maneira insaciável seria ainda um resquício artístico da tendência?                                     

Por: Felipe Coutinho, Michelle Brito e Tayse Santos

Aposto que você já tirou um selfie, estou certo? É algo tão simples! Basta esticar os braços, posicionar o celular, dá um clique e pronto, está feito mais um selfie. Mas o que você não sabe é que essa tendência crescente de tirar autorretratos digitais, aparentemente inofensivos, vem se tornando um vício, geralmente pelos mais jovens. Esse hábito é caracterizado pelos psicólogos como um possível transtorno, apelidado de selfiti, porém a condição psicológica ainda está em estudos, portanto não é reconhecida ainda pela Associação Americana de Psiquiatria ou pela Associação Brasileira de Psiquiatria como uma patologia.

O que se sabe é que a compulsão por selfie ou a busca da perfeição nas fotos se ocasiona em diversos problemas que podem levar a depressão, ansiedade ou até mesmo ao suicídio, pois aqueles que sofrem com a condição padecem de uma falta de autoconfiança e estão em busca de se “encaixar” tentando buscar, uma forma de aprovação que não se tem de si mesmo com aqueles ao seu redor.

A estudante de serviço social Zaira Silveira, 21 anos, diz que sempre acaba tirando uma “selfie”: “Na maioria das vezes eu abro a câmera do celular pra me olhar e acabo tirando as “selfies”, tiro umas cinco ou mais, depende muito do nível da minha autoestima no momento, mas acabo sempre postando uma ou duas por dia”.

Figura 1: Zaira Silveira – Foto: Caique Fialho.

Quando pergunto se ao postar selfies, ela espera que seus amigos lhe estimem, ela responde: “Quando posto as selfies quase nunca penso o que as pessoas vão achar, porém é claro que adoro receber elogios e acho que inconscientemente, talvez, esse seja o real estímulo para que eu poste tantas”.

Sim, Zaira está certa. Tirar selfies e postá-las nas redes sociais adquiriu um significado maior do que apenas o autorretrato digital. Virou um pilar de sustentação da autoestima muito poderoso, pois ao divulgarem suas fotos nas redes sociais, algumas pessoas ficam realizadas com o reconhecimento dos seus seguidores, através das curtidas e comentários. “A tecnologia não criou nada de novo  no ser humano, ela só amplifica, pessoas encantadas consigo mesmas, com sua imagem, isso já existia desde que conhecemos a história de Narciso” diz a psicóloga, Rocheane Rocha.

A psicóloga ainda afirma que é possível que o hábito de tirar muitas selfies esteja atrelado, a outras condições de saúde mental. Sendo assim, a compulsividade pelos autorretratos digitais é na verdade uma forma de surgimento de outro distúrbio emocional. Tirar selfies excessivamente pode ser um indicador de que a pessoa pode estar desenvolvendo algum transtorno mental, um deles é o TOC – transtorno obsessivo compulsivo, esse transtorno é desenvolvido até os 19 anos, mas pode ocorrer depois dos 35, porém é raro que ocorra. Alguns indivíduos podem apresentar comportamentos viciantes, como, alterações de humor e até abstinência.”

A estudante de jornalismo Adailane Souza, 24 anos, admite que em média tira muitas selfies durante seu dia. “Eu em média tiro umas 30 selfies ou até mais, na maioria das vezes não posto nenhuma, acabo não gostando delas, ou posto somente uma, eu me sinto confiante, porém tem vezes que acabo por editar algumas fotos que posto, não por não gostar de minha imagem, mas para corrigir algumas imperfeições.”

Figura 2: Adailane Souza – Foto: Tayse Santos

De acordo com Rocheane Rocha, grande parte das pessoas que sofrem desse mal acham inúmeros defeitos em si mesmo nas suas fotos, seja o nariz, olhos, cabelos, entre outros exemplos, mesmo quando suas fotos nas redes sociais elas contam com recursos de edição e embelezamento que possibilitam corrigir de forma rápida pequenas imperfeições que não os agradam.A psicóloga fala, que os selfies se tornaram um fenómeno cultural de massa e vem se tornando comum em todo o mundo. “O lado positivo do Selfie é que pode funcionar como um exercício de autoafirmação, já o lado negativo é a pessoa não ter ideia do que a publicação representa.”

Rocheane explica que especialistas no assunto afirmam que existem 3 níveis que definem a intensidade desse comportamento: Nível Limítrofe, nível agudo e nível crônico. Ela ressalta que existem profissionais habilitados para tratar a compulsão por selfies e cuidar do individuo para que o mesmo não atente contra sua vida como em inúmeros casos relatados onde pessoas arriscam suas vidas vidas para conseguirem uma foto “inédita.”

É importante evidenciar que somente um especialista pode fazer o diagnóstico, não é que você tenha lido e se identificado com alguns desses aspectos citados no texto, que você possua possíveis problemas psicológicos desencadeados pela dependência do selfie.

Esse link disponibilizado abaixo, irá te direcionar a um questionário com algumas perguntas que podem te indicar se você precisa de ajuda profissional. Se você ao lê o texto e fizer o questionário achar que sua saúde psicológica pode estar prejudicada, converse com um especialista.

https://goo.gl/forms/RcTNMTJBmrFdwphH3

 

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