Mulheres negras no mercado de trabalho baiano

 Por Karla Souza

 

As mulheres negras são a maioria da população da Bahia, 51,8% no estado mais negro do país, 79,3% segundo o IBGE na Síntese de Indicadores Sociais, em 2015.

A maior parcela no trabalho informal e na frequência ao ensino superior também são as mulheres, no entanto, recebem em média R$302 a menos que os homens. Enquanto o rendimento médio das pessoas brancas é de R$1.391,87 o de pessoas pretas e pardas é de R$753,44, conforme censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010, na Síntese Nacional de Informação de Gênero.

As negras baianas sofrem mais na procura por empregos, podendo lidar até com cinco formas distintas de preconceito. Sendo esses: preconceito social, machismo, racismo, LGBTfobia e xenofobia.

Bárbara Castilho, em seu texto Gênero e raça no acesso aos cargos públicos de chefia no Brasil – 2007, afirma que uma das razões contribuintes para que determinados grupos não tenham o mesmo rendimentos que outro é o acesso à educação.

“Os dados de escolaridade podem explicar parte dos diferenciais nos rendimentos dos grupos, sugerindo que os brancos recebem maiores salários por terem um nível de escolaridade consideravelmente superior. Entretanto, os dados não explicam as assimetrias nos rendimentos de homens e mulheres no interior de cada grupo de cor ou raça, sempre favorável a eles.”

Nos últimos anos a participação da mulher negra no mercado de trabalho cresceu. Todavia, a pesquisa realizado em 2007 pelo Ibope/Instituto Ethos, mostra que não chega a 0,5% a porcentagem de negras em cargos de poder.

Um exemplo está explícito no levantamento que aponta a Bahia como o terceiro estado com maior números de mulheres na Polícia Militar, 13,9%, mas nenhuma alcançou cargos de alta patente na instituição.

Fonte: IBGE, PNAD 2007.
Fonte: IBGE, PNAD 2007.

Segundo Castilho, os dirigentes de cor ou raça preta ou parda, sobretudo feminina, estavam nas faixas salarias mais baixas. Já os dirigentes brancos estavam em cargos de maior prestígio e com maiores salários.

Aos poucos as mulheres que lutam pela igualdade e direitos estão mostrando suas capacidades e conhecimento. Abaixo exemplos de quatro baianas negras:

VIVIANE DOS SANTOS BARBOSA

A pesquisadora soteropolitana é mestre em Engenharia Química pelo departamento de Nanotecnologia da Universidade Técnica de Delft. Na disputa com cerca de 800 cientistas, em Helsinki, na Finlândia, recebeu a premiação máxima da “Internacional Aerosol Conference”, segundo a revista Nova Escola.

GEORGINA GONÇALVES DOS SANTOS

A vice-reitora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia já dirigiu o Centro de Artes, Humanidades e letras. O Sistema Currículo Lattes informa que Georgina é graduada em Serviço Social pela Universidade Católica do Salvador, é mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em Sciences de l’Éducation – Université de Paris VIII.

TIA ERON

Eronildes Vasconcelos, conhecida como Tia Eron, é deputada estadual (PRB). Entre as suas conquistas estão: a primeira mulher a dirigir o Partido Republicano Brasileiro na Bahia, a mulher mais votada da Bahia e também a mulher mais votada do seu partido no Brasil.

ALANA ADRIELLE OLIVEIRA

O seu blog cobre notícias do Riachão do Jacuípe e Região Sisaleira.
O seu blog cobre notícias do Riachão do Jacuípe e Região Sisaleira.

Mulher transexual, negra e baiana, proprietária do blog ‘Hora da Verdade’.

Em conversa, falou sobre as dificuldades que ela enfrenta no mercado de trabalho:

“No campo que quero atuar, televisão, o telejornalismo, tem sido muito difícil! Já distribui muitos currículos e portfólios, mas nada ainda de uma luz no final do túnel, este é o principal empecilho”, falou a jornalista.

Alana falou da experiência de trabalhar como assessora de comunicação na prefeitura de Riachão do Jacuípe: “Sempre tive muita compreensão dos colegas, mas algumas vez pintava um preconceito de “leve”, ou ciúme de alguma ideia que tive, devido o machismo imperar. Se para uma mulher já é difícil abrir ideias, disputar páreo a páreo com os homens, imagine para uma transexual… o ego deles não suporta ter na “turma” da empresa uma “trans” com ideias geniais que eles não conseguem ter, mas graças a Deus procuro sempre ser humilde”.

Ela diz que usa a profissão na luta contra os preconceitos que vê no cotidiano, assim pode informar, opinar e defender os direitos de quem acredita estarem corretos, e crê na mudança da sociedade através dos jovens.

“Os jovens estão vindo com uma cabeça mais aberta, buscando entender antes de tirar conclusões, buscando informações, entendimento e dialogo, só isso já é um grande avanço no caminho do fim do preconceito”.

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